03/09/2009
BOAS NOTÍCIAS: nas últimas semanas, o Brasil foi inundado de boas notícias, todas referentes à sua capacidade de superar a crise mundial. Bancos, economistas estrangeiros, gente do governo, todos foram unânimes em afirmar que o pior já passou". Algumas perguntas podem ser feitas: O fato de ter baixado os impostos foi fundamental para o aquecimento econômico? Liberar recursos para empréstimos ajudou as empresas a investirem mais? Aumentar os investimentos públicos em habitação e outros setores permitiu maior rapidez na recuperação econômica? A regulação do mercado financeiro do Brasil evitou uma crise bancária nacional? A resposta positiva a todas essas perguntas remete à necessidade permanente da presença do Estado na economia. Essa é a principal lição da crise.
BRASIL DE FORA: por negligência dos dois últimos governos (FHC e Lula), há um clube do qual o Brasil está fora: a indústria automobilística. Chega a ser risível que um país de mais de 8 milhões de quilômetros quadrados e que abandonou há décadas suas estradas de ferro privilegiando o transporte rodoviário, não tenha sua própria indústria automobilística. Quando foi iniciada a produção de veículos, no início da década de 50, existia a FNM (Fábrica Nacional de Motores) e, ao menos, um plano para expandi-la, mas, com o tempo, frustrado. Agora, o país virou o paraíso das montadoras estrangeiras, muito mais de olho no grande mercado interno do que nas exportações. O anúncio de que três montadoras chinesas procuram locais para instalar fábricas no Brasil, é prova da pujança de nosso mercado. A Hyundai conquistou novas posições no mercado em função de suas vendas no Brasil. E o Brasil, vai um dia ter a sua própria marca?
ONDE ESTÁ O DINHEIRO? Não falta dinheiro nem para fábricas e nem para pesquisas. Neste momento, o Brasil, erradamente, está comprando submarinos nucleares e aviões de guerra, gastando valores astronômicos. O erro se situa na absurda opção pela compra do produto acabado, enquanto outros países investem em pesquisa tecnológica. Isso, infelizmente está ocorrendo em toda América Latina e os idiotas latino-americanos estão se armando. Bom exemplo está na Suécia, um país que tem menos de 500 mil quilômetros quadrados e menos de 10 milhões de habitantes, mas fabrica veículos Scania e Volvo e está na concorrência para vender os aviões de caça Saab Grippen ao Brasil. Como a Suécia, um país com 5% de nosso território e de nossa população, pode fazer isso? Simples. Ao optar pela neutralidade, resolveu investir em pesquisas e criar a sua própria indústria.
NÃO TEMOS CAPACIDADE? Mentira, o brasileiro é um dos povos mais criativos do mundo e tem capacidade para desenvolver produtos. O exemplo foi o Centro Tecnológico da Aeronáutica em São José dos Campos, embrião da Embraer, nossa fábrica de aviões. A própria Embraer, em associação com o governo e a Universidade, poderia desenvolver projetos de interesse da defesa nacional. A indústria naval do Rio de Janeiro já foi desenvolvida e também pode receber investimentos novos para pesquisas e ampliação de sua capacidade e competência. Temos tudo, só não temos gente interessada. O ministro da Defesa, Nelson Jobim, nem sequer foi perguntado sobre o assunto. Ele e nossos deputados viajam de graça para a França, Suécia e Estados Unidos para ver os novos "produtos brasileiros". Isso cansa."
UGT - União Geral dos Trabalhadores