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Da: Secretaria Nacional de Divulgação e Comunicação

Num discurso eloqüente de político nacionalista, o presidente Lula anunciou, na segunda-feira (31) as propostas de um novo marco regulatório para a extração de petróleo na região do pré-sal, conhecida como a nova fronteira exploratória do país. O presidente chegou a dizer que o pré-sal é uma dádiva de Deus" e até mesmo de "um bilhete premiado" salientando a importância de se tomar decisões acertadas para que a riqueza mineral não se transforme em fonte de problemas. Essa nova fonte exploratória fica a 7 km de profundidade da costa brasileira e tem, segundo estudos feitos, potencial suficiente para dobrar as reservas brasileiras.

Tudo bem. Foi uma solenidade cívica que deverá ficar marcada na história brasileira. Mas é preciso que o Governo Federal, seja quem for o seu comandante, tenha capacidade suficiente no gerenciamento dessa nova riqueza. Lula disse ser uma dádiva de Deus e até mesmo um bilhete premiado. Só que o criador muitas vezes castiga o seu criado quando este não cumpre fielmente os seus desígnios. Como também, a pessoa ganhadora de um prêmio lotérico, se não souber administrar o dinheiro com os "pés no chão" corre o risco de sofrer a bancarrota.

Para se ter uma idéia do tamanho dessa riqueza , o conjunto de campos petrolíferos do pré-sal, que se estende entre o litoral dos estados do Espírito Santo até Santa Catarina, com profundidades que variam de 1000 a 2000 metros de lâmina d'água e entre 4 a 6 mil metros de profundidade do subsolo, chega a atingir até 8 mil metros da superfície do mar. Só a descoberta dos três primeiros campos(Tupi, Iara e Parque das Baleias) já foram suficientes para dobrar as reservas brasileiras, pulando de 14 bilhões para 33 bilhões de barris. Existem outras com capacidades de 50 a 100 bilhões de barris.

A grande expectativa agora é no tocante a forma como essa riqueza será gerenciada pelo governo brasileiro. A proposta anunciada é a criação de uma nova estatal que teria o nome de Petrosal. Essa empresa seria encarregada pela administração dos campos, contratando empresas petrolíferas para explorá-los em parceria com a Petrobrás. E aí é que está o problema. O Brasil passou quase um século dependente do petróleo que resultou em sérios problemas de ordem econômica(dívida externa) com reflexos diretos no social. Agora, quando consegue a sua auto-suficiência, vem com essa proposta, correndo o risco de entregar "o ouro para o bandido", como se diz popularmente.

Para completar esta linha de raciocínio, a partir do momento que se iniciar pra valer essas explorações, quem e de onde serão os trabalhadores? Para que esse "bilhete premiado" não resulte em bancarrota no plano social, o presidente Lula, legítimo representante da classe trabalhadora, deve exigir que os trabalhadores intelectuais e braçais brasileiros tenham prioridade nessa tarefa. Ai sim pode-se começar a pensar que esse pré-sal é realmente uma "dádiva de Deus". Até porque, diz outro dito popular de que "Deus é brasileiro" e não vai abandonar seus filhos, milhares deles na rua da amargura, clamando por uma oportunidade de trabalhar e se reintegrar à sociedade.

Marcos Afonso de Oliveira - Secretário de Divulgação e Comuniação da UGT"