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UGT press 124: Mercadante


25/08/2009

POBRE MERCADANTE: o senador Aloízio Mercadante posou bem para as fotografias midiáticas. Criticou o presidente do Senado, colocou-se contra o arquivamento das denúncias envolvendo José Sarney e, no calor dos debates, subiu à Tribuna do Senado e disse apresento a minha renúncia da liderança do PT em caráter irrevogável". Bastou uma conversa com o presidente Lula para voltar atrás, manter-se na liderança do partido e fazer um discurso pífio, ouvido por apenas meia dúzia de colegas e classificado como "melancólico". Faltaram-lhe várias qualidades, aquelas que fazem um político sagaz e comprometido com as grandes causas populares. Exercendo um mandato considerado medíocre, para o qual foi eleito com mais de dez milhões de votos, Mercadante não soube se posicionar e se dividiu entre o hábito de ser oposição e a necessidade de ser governo. O senador se perdeu e sai desse episódio muito mais enfraquecido, sem condições de disputar a reeleição com chances de vitória.

MOMENTO DECISIVO: para qualquer político, especialmente para aquele que tem visibilidade nacional, sempre se apresenta o momento decisivo, ocasião em que entre companheiros, amigos, partido e oportunidade, ele deve escolher o caminho. Sua escolha vai abrir ou fechar portas. Mercadante teve a oportunidade de salvar a biografia e o mandato, mas perdeu-se na indecisão e pensou que, permanecendo ao lado do Presidente da República teria condições de construir um álibi para as suas dicotomias. Errou e basta ver uma das manchetes do dia seguinte: "Mercadante é repreendido por Lula e desiste de sair" (O Estado de São Paulo). Na Folha de São Paulo, Fernando Rodrigues comentou: "Já Mercadante é um Hamlet de província, em cenas de teatrão". Um jornal diz que ele foi enquadrado, o outro que ele fazia teatro. Nada mais triste para um homem que apareceu como grande promessa. Certamente, teria sido melhor desde o início postar-se como governista, fundindo a sua imagem com a do Presidente, mesmo que isso lhe fosse mais pesado. Em política não há caminho do meio.

OPINIÃO PÚBLICA: no episódio envolvendo o Senado Federal e seu presidente, José Sarney, nota-se que o mais abandonado dos caminhos foi o da opinião pública. Os institutos de pesquisa mostraram que três quartos da população estavam a favor do afastamento do presidente do Senado. Como agiram os senadores? Exatamente na contramão da opinião pública. Não é à-toa que um deputado e um senador disseram explicitamente que "se lixavam" para a opinião pública. O senador foi mais longe, perguntando "quem é que faz a opinião pública?" e, de bate - pronto, colocou a responsabilidade sobre a mídia. Talvez seja verdade, mas a mídia tem o dever de informar e focar essas questões. Faz parte de nosso direito fundamental à informação. Com mídia ou sem mídia, houve desrespeito aos mais comezinhos princípios de moralidade. Já há um bom tempo, o Senado Federal vem sendo uma caixa de pandora.

GOVERNO DE OCASIÃO: é de se perguntar: no momento, qual deveria ser o caminho do governo neste final de mandato? A rigor, ele deveria se cuidar para ter, mais à frente, melhores condições de fazer o sucessor. A impressão que se tem é que a sucessão não passa pelas preocupações de Lula. Ele está interessado em manter a tal de governabilidade, seja lá a que preço for. Confiando nos índices de popularidade e no desinteresse da população pelos já enfadonhos escândalos políticos, o presidente Lula acha que seus discursos bastarão para empurrar o candidato presidencial na subida da rampa do Palácio do Planalto. Será?"


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