13/08/2009
O Governo paraguaio retirou hoje do Senado o pedido de adesão da Venezuela como membro pleno do Mercosul, para evitar a iminente rejeição na sessão ordinária desse corpo legislativo.
Fontes legislativas informaram que a retirada foi concretizada através de uma carta oficial na qual o presidente paraguaio, Fernando Lugo, pediu ao titular do Senado e do Congresso, Miguel Carrizosa, a retirada da aprovação do protocolo de adesão da República Bolivariana da Venezuela ao Mercosul".
A adesão da Venezuela foi aprovada pelos Governos do bloco (Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai) em julho de 2006, mas sua ratificação está pendente nos congressos brasileiro e paraguaio.
Na sessão da Câmara Alta do Paraguai, de maioria opositora, era quase certa a rejeição da ratificação à adesão venezuelana.
Emilio Camacho, assessor jurídico do Governo, explicou, em entrevista coletiva, que "o Governo deve seguir avaliando" a incorporação da Venezuela ao bloco, e que se decidiu esperar "o momento propício" para voltar a solicitar o debate.
"Isso não se trata de derrota política e, em matéria do serviço externo, é preciso atuar em função dos interesses gerais do país", disse Camacho, ao ser consultado se a decisão representa um golpe para o Governo de Assunção, de afinidade política com o chefe de Estado venezuelano, Hugo Chávez.
O chanceler paraguaio, Héctor Lacognata, explicou que o tema venezuelano esteve por dois anos paralisado no Senado e que a decisão "significa que o Governo se reserva o direito de voltar a apresentar o pedido em outro momento".
No entanto, admitiu que não espera que a rejeição da oposição paraguaia e de um setor do Governo à gestão do chefe de Estado venezuelano "varie em um mês ou um ano".
O Senado deveria debater hoje, como primeiro ponto da ordem do dia, esse pedido do Governo, com uma clara tendência para a rejeição ou o adiamento do tratamento desse projeto.
Todos os partidos da oposição, assim como um setor do Partido Liberal Radical Autêntico (PLRA), principal aliado de Lugo no Congresso, fecharam filas com uma postura contra a entrada da Venezuela no Mercosul.
A rejeição se radicalizou nas últimas semanas, depois das medidas administrativas assumidas pelo Governo de Caracas contra vários meios de comunicação.
O tratamento da entrada venezuelana no bloco sul-americano foi incluído na agenda desta quinta-feira a pedido do partido União Nacional de Cidadãos Éticos (Unace), de direita e segunda força da oposição, cujos dirigentes são os mais críticos à gestão de Chávez.
Enquanto isso, o Partido Colorado, que nas eleições gerais de 2008 perdeu uma hegemonia de 61 anos no poder, resolveu, em março, se opor à adesão venezuelana, com o argumento de que Chávez transgride a denominada cláusula democrática do Mercosul."
UGT - União Geral dos Trabalhadores