08/08/2009
Catarata, doenças na conjuntiva e na córnea são as que mais afastam o brasileiro do trabalho.
Colaboração: Eutrópia Turazzi
Estatística do INSS (Instituto Nacional de Seguro Social) revela que de janeiro a maio deste ano a cegueira e visão subnormal provocadas por acidentes de trabalho tiveram um incremento de 26% em relação ao mesmo período de 2008.
Atingiu 182 trabalhadores contra 134 no ano passado, apesar dos acidentes oculares somarem 743 e 666 casos respectivamente, ou seja, um crescimento próximo a 11%.
Para o oftalmologista do Instituto Penido Burnier, Leôncio Queiroz Neto, significa que o trabalhador está tendo dificuldade de adaptação aos óculos de proteção, ou EPI (Equipamento de Proteção Individual), que evitam 98% dos acidentes. Esta dificuldade, ressalta, pode estar relacionada à falta de ventilação no local de trabalho que embaça as lentes, má iluminação que diminui a visibilidade ou à falha no ajuste das EPI's confeccionadas com lentes corretivas para quem usa óculos. O médico ressalta que para cada real gasto pelas empresas com doenças podem ser acrescidos 4 reais de custo empresarial. No caso de cegueira, ele diz que o custo é exponencial uma vez que a perda da visão significa dependência para realizar todas as atividades.
Córnea é a mais atingida por acidentes
A área dos olhos mais atingida pelos acidentes de trabalho nos 5 primeiros meses deste ano foi a córnea com um total de 206 benefícios registrados pelo INSS. Para Queiroz Neto isso acontece porque a membrana fica na frente da íris (parte colorida) e é a parte mais exposta dos olhos aos agentes externos.
Ele diz que esta posição frontal também explica os 734 afastamentos por ceratite (inflamação da córnea), cicatriz e opacificação da membrana. Isso porque, as causas mais recorrentes desses distúrbios são o uso abusivo, alergia, manutenção e armazenamento inadequado de lentes de contato que ficam apoiadas na superfície corneana. Usar lentes vencidas ou mesmo dormir com elas aumenta em 10 vezes o risco de contaminação que pode ferir ou opacificar a córnea, adverte.
Isso porque, comenta, fora de validade às lentes sofrem alterações e durante a noite nossos olhos produzem menos lágrima, elevando a predisposição a ferimentos. A alergia observa, é um processo inflamatório que pode ser desencadeado pelo depósito de proteínas produzidas pelos olhos, resíduos de maquiagem ou cremes.
As principais recomendações para evitar doenças na córnea são:
Lavar cuidadosamente as mãos antes de manipular as lentes.
Utilizar soluções multiuso tanto na limpeza quanto no enxágüe das lentes e estojo.
Friccionar as lentes para eliminar completamente os depósitos
Não usar soro fisiológico ou água na higienização
Retirar as lentes antes de remover a maquiagem e quando usar spray no cabelo
Colocar as lentes sempre antes da maquiagem
Guardar o estojo em ambiente seco e limpo
Trocar o estojo a cada quatro meses
Respeitar o prazo de validade das lentes
Jamais dormir com lentes, mesmo as liberadas para uso noturno.
Interromper o uso a qualquer desconforto ocular e procurar o oftalmologista
Retirar as lentes durante viagens aéreas por mais de três horas
Não entrar no mar ou piscina usando lentes.
Catarata lidera afastamentos do trabalho
Até maio o INSS registrou cerca de 14 mil afastamentos por mais de 15 dias relacionados às doenças oculares. A catarata, opacificação do cristalino, foi a de maior incidência com quase 3 mil casos. A doença geralmente está relacionada ao envelhecimento do cristalino, mas 21% ocorreram precocemente.
Para o especialista, a falta de lentes com proteção ultravioleta nos atividades desenvolvidas ao ar livre é a maior causa da catarata precoce entre trabalhadores. Isso porque, um estudo feito pelo médico mostra que o brasileiro ainda ignora que os olhos precisam de proteção solar. Da mesma forma que nossa pele envelhece precocemente quando exposta ao sol sem protetor, nosso cristalino fica opaco, argumenta. É verdade, ressalta que a catarata pode ser eliminada com cirurgia, mas a radiação solar também afeta a mácula, parte central da retina, e ainda não existe tratamento eficaz para a degeneração macular.
Doenças na conjuntiva crescem 41%
As doenças na conjuntiva tiveram a segunda maior incidência com cerca de 2,5 mil casos. Um salto de 41% comparado ao mesmo período do ano passado. Queiroz Neto diz que em geral a conjuntivite desaparece em 1 semana de tratamento. Para ele, o afastamento do trabalho além deste período pode estar relacionado ao uso indiscriminado de medicamentos que reduz a imunidade e à maior evaporação da lágrima provocada por excesso de ar condicionado e pelo calor típico dos primeiros meses do ano.
As principais dicas de prevenção são:
Lavar as mãos após o uso de objetos coletivos.
Não tocar os olhos.
Evitar o compartilhamento de toalhas fronhas, maquiagem e colírio.
UGT - União Geral dos Trabalhadores