23/07/2009
É uma vergonha para os brasileiros constar que decorridos 121 anos da promulgação da Lei Áurea, o país ainda explore o trabalho escravo. E o que é pior, com conhecimento do Governo". A declaração é do sindicalista Marcos Afonso de Oliveira, Secretário Nacional de Divulgação e Comunicação da UGT (União Geral dos Trabalhadores), ao tomar conhecimento de matéria divulgada pela Agência Brasil onde o MTE (Ministério do Trabalho e Emprego) divulga a "lista suja" de empregadores exploradores da mão de obra escrava. Marcos Afonso estranha que o ministério, encarregado de coibir tal prática, admita a sua existência, quando na verdade, "o correto seria noticiar que esses focos tivessem sido extintos e os responsáveis punidos de acordo com a lei", salienta, ressaltando que a UGT condena veementemente qualquer tipo de exploração de trabalhadores.
De acordo com o a matéria divulgada na quarta-feira (22), a "lista suja" (cadastro) tem 174 empregadores entre pessoas físicas e jurídicas que exploram o trabalho escravo, sendo que 13 foram incluídos e 34 nomes foram retirados. A maior parte é do Pará, com 44 casos, seguido do Maranhão, com 29, Tocantins, 20, Goiás, 19, Mato Grosso do Sul, 18, Bahia, 13 e Mato Grosso, 12. O MTE também constatou a existência dessa ilicitude em Rondônia, Amazonas, Paraná, Espírito Santo, Santa Catarina, Ceará, Piauí, Minas Gerais, Rio Grande do Norte. "É o cúmulo saber que no dia 13 de maio de 1888 a Princesa Isabel assinou a lei 3.353 extinguindo a escravidão em todo território brasileiro e, ainda hoje, o próprio governo noticia a existência dessa vergonha nacional em 17 dos 26 estados", lamenta Marcos Afonso de Oliveira.
A UGT, segundo Marcos Afonso, louva a decisão do ministro Luppi em levar ao conhecimento da opinião pública tal imoralidade e afronta aos direitos humanos dos trabalhadores. O estranho, na opinião dos dirigentes da UGT, é o fato que alguns dos empregadores recorreram ao Judiciário contra as multas recebidas. "A UGT estará atenta orientando os seus sindicatos filiados, principalmente os rurais, para acompanharem in loco a real situação dos trabalhadores de suas bases, sendo que na observância de indícios de trabalho escravo fazer a denúncia ao Ministério Público e também à direção nacional da UGT para as providências urgentes e cabíveis que o caso requer", conclui o secretário de Divulgação e Comunicação da UGT.
Confira a lista dos empregadores que exploram o trabalho escravo no Brasil"
UGT - União Geral dos Trabalhadores