18/03/2020
O italiano Diego Bianco, de 46 anos, tornou-se uma das vítimas mais jovens do coronavírus no País. Ele trabalhava como operador em um serviço de ambulâncias na Itália. Conforme relatou o jornal local Corriere Della Sera, ele passou as últimas semanas "em turnos estressantes" no telefone em uma central de Bérgamo para lidar com a onda da covid-19 que já matou mais de duas mil pessoas no País.
De acordo com o jornal, ele começou a vida trabalhando como motorista de ambulância em uma casa de repouso com o pai. Depois, desempenhou o papel de socorrista a bordo de ambulâncias nos hospitais de Seriate e Treviglio. Quando foi organizado o serviço regional de emergência, Bianco foi uma das primeiras pessoas a ser contratada, em 2011. “Ele sempre foi muito calmo, mesmo em emergências”, lembra Oliviero Valoti, chefe do serviço à época.
Diego não foi o único a ser atingido pela doença no ambiente de trabalho. Quando ele começou a ter febre alta, de 39 graus, em 7 de março, dezenas de colegas já tinham sido infectados. No mesmo dia em que apresentou os sintomas, outros oito operadores, seis enfermeiras e quatro médicos foram enviados para casa em isolamento. Os demais foram transferidos para Milão e o local onde Bianco trabalhava foi totalmente higienizado.
Ele faleceu na manhã de 13 de março na casa onde morava com a esposa e o filho de oito anos. Segundo os colegas relataram ao Corriere Della Sera, Bianco acreditava que iria se recuperar. Ele mantinha o otimismo, mas tinha medo de deixar sua família. Diego Bianco morreu antes de receber o teste que confirmou a infecção por coronavírus.
Rotina exaustiva
Raniero Frizzini, diretor do centro operacional de ambulâncias de Bérgamo, onde Diego trabalhava, contou ao Corriere que todos os dias são classificados até 1.300 pedidos de ajuda. Para dar conta do trabalho, parte das chamadas são enviadas a outras províncias conectadas. Na região de Bérgamo, as 70 ambulâncias já não davam conta da demanda e outras 40 foram enviadas.
No lugar onde Diego atendia, existem 80 operadores que se alternam em três turnos. "Mas há pessoas que fazem turnos duplos, que pulam dias de folga. Não tenho mais palavras para agradecer a todos os operadores pelas horas extras que realizam”, declarou Frizzini ao jornal italiano.
Cada operador recebe entre 70 e 80 ligações por dia. "Para todos nós, esse é um esforço mais psicológico do que físico. Estamos acostumados a combater doenças e emergências, mas ninguém experimentou isso. Em um determinado momento, parece que as chamadas se acalmam, mas tudo começa novamente. É ainda pior quando você percebe por telefone que o paciente está ficando fora de controle", contou o diretor ao Corriere Della Sera. "E, ao final do dia, a angústia é realmente grande para todos", finalizou.
Fonte: Estadão
UGT - União Geral dos Trabalhadores