16/12/2019
Com 10,6% de participação e R$ 699,3 bilhões de contribuição para a economia nacional em 2017, a maior entre todos os 5.570 municípios, São Paulo tem um PIB equivalente ao da soma de 4.305 municípios ou 77,3% das cidades brasileiras. De acordo com o Produto Interno Bruto (PIB) dos Municípios, divulgado hoje (13) pelo IBGE, a capital paulista concentra 5,8% da população, ao passo que esses 4.305 municípios reúnem 23,9% dos brasileiros.
Para o técnico de Contas Nacionais do IBGE, Luiz Antonio de Sá, “isso dá uma noção da discrepância entre participação no PIB e participação de população”.
A pesquisa mostra também que, entre os 25 maiores municípios do país, 11 são paulistas, já incluída a capital. Quando se considera a capital de São Paulo e esses dez municípios paulistas de maior PIB, passam a ser necessários 4.903 (88%) municípios para equivaler ao peso de São Paulo no PIB nacional. Em termos populacionais, esses 11 municípios concentram 23,9% da população, ao passo que os 4.903, 34,1%.
Para Luiz Antonio, trata-se de “um transbordamento do dinamismo econômico da capital para esses municípios próximos. E ainda têm outros municípios que não são da região metropolitana, como Ribeirão Preto e Campinas”.
Agropecuária da região rural de São Paulo gera R$ 9,8 bilhões
Em termos de perfil econômico, São Paulo e o grupo dos 11 paulistas têm suas economias concentradas sobretudo nos serviços e secundariamente na indústria. Mesmo assim, a região rural de São Paulo também chama atenção por ser a sexta com maior valor adicionado da agropecuária no país, chegando a R$ 9,8 bilhões em 2017, mas representando apenas 0,7% de sua economia.
O geógrafo do IBGE Marcelo Delizio explica que a produção aparece como “outros produtos da lavoura temporária”, de acordo com a classificação do IBGE, e alguns serviços. “Ou seja, é hortifrúti, é o consumo interno da cidade. Não chegam a ser commodities para exportação. E isso faz com que essa região seja a sexta”, diz.
Marcelo esclarece que os municípios com maior produção agrícola são os da região Centro-Oeste, caracterizados por terem uma área muito extensa, o que explica a elevada produção. Segundo ele, a situação muda quando se analisam as regiões rurais, um conjunto de municípios onde um polo urbano fornece insumos e atrai a produção.
“A região rural é um recorte coerentemente mais uniforme em termos de espaço. Você vai ter, por exemplo, no Mato Grosso, regiões rurais com poucos municípios muito grandes. Quando você vai para o Paraná, São Paulo e Rio Grande do Sul, a mesma área tem, às vezes, 200 municípios. Nenhum município desses é destaque individual na produção agropecuária. Mas, quando você junta em um agregado, essas regiões rurais produzem mais, têm um PIB agropecuário maior que as regiões do Mato Grosso”, exemplifica.
Mesmo com perda de participação, sete municípios concentram 25% do PIB
Os dados do IBGE mostram, ainda, que sete municípios respondiam por aproximadamente 25% da economia brasileira, concentrando 13,6% da população. Embora tenha perdido participação, São Paulo (10,6%) permanece como a maior economia do país, seguido por Rio de Janeiro (5,1%) e Brasília (5,1%). Entre eles, apenas Osasco, que passa da 16ª para a sexta posição, e Porto Alegre, da sexta para a sétima, alteraram suas posições entre 2002 e 2017. Já os 1.324 municípios de menores PIBs respondiam por cerca de 1% do PIB nacional em 2017.
A gerente de Contas Regionais do IBGE, Alessandra Poça, explica que, embora haja uma concentração elevada da geração de renda no país, as grandes economias vêm continuamente perdendo participação para municípios menores. Segundo ela, isso é constante na série, mas, ao mesmo tempo, ocorre de forma lenta.
“A gente tem algumas variações de um ano para o outro, em que as explicações acabam sendo, muitas vezes, por conta de commodities. Quando a gente vê as participações entre 2017 e 2016 e também na série como um todo, quem mais ganha ou perde participação acabam sendo os municípios que têm uma economia baseada numa grande commodity, como minério de ferro, petróleo e soja”, completa.
Quando se analisam as concentrações urbanas, que são municípios ou arranjos populacionais com mais de 100 mil habitantes e que apresentam um alto grau de integração devido a deslocamentos para trabalho e estudo, a concentração é ainda maior. São Paulo (17,3%) e Rio de Janeiro (7,7%) respondem juntas por 25% da economia nacional em 2017.
Cidade-região de São Paulo representa 1/4 da economia nacional
Em um outro recorte, a cidade-região de São Paulo, um contínuo geográfico em que 92 municípios têm forte integração econômica com a metrópole, concentrava 24,6% da produção econômica brasileira em 2017. Isso revela a existência de desigualdades regionais, em especial quando se compara com o Semiárido nordestino, que respondia por 5,2% do PIB nacional, e a Amazônia Legal (8,7%).
Isso ocorre mesmo após uma queda de participação de 0,4 ponto percentual no PIB nacional da cidade-região de São Paulo entre 2016 e 2017. Ao mesmo tempo, a Amazônia Legal e o Semiárido ganharam participação de 0,1 p.p. cada uma.
“O Semiárido é uma região bastante complexa no país, com uma problematização bastante específica, que pede atenção constante. Assim como a Amazônia Legal. Então são duas regiões que precisam ser sempre destacadas. E um contraponto que a gente fez foi esse com a metrópole paulista, que é uma região que se destaca em quase todos os itens, até na agropecuária”, conclui Marcelo Delizio.
Fonte: Agência IBGE
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