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Canindé Pegado

Na manhã desta segunda-feira (15) ao discursar na sessão do Conselho de Direitos Humanos da ONU ( Organização das Nações Unidas), o presidente Lula disse, entre outras, ao fazer uma avaliação da crise mundial, de que os trabalhadores do mundo não podem servir como vítimas dessa crise e muito menos que paguem pelos danos por ela causada. Disse com muita propriedade que os governantes tem a obrigação de garantir emprego para o povo para garantir o crescimento da economia.

Na verdade, as palavras do presidente brasileiro nada mais são do que as idéias que a UGT (União Geral dos Trabalhadores) vem divulgando em todo o território nacional desde a eclosão dessa crise que culminou com a dispensa injusta de milhares de trabalhadores. Durante meses o movimento sindical tem batido na mesma tecla de que a classe trabalhadora não pode ser responsabilizada por um problema sério e irresponsável provocado justamente por aqueles que comandam o capitalismo.

A Direção Nacional da UGT chegou a entregar ao presidente Lula um documento com diversas sugestões para o governo enfrentar a crise. Uma delas é condicionar a liberação de recursos financeiros - dos cofres públicos ou bancos estatais- para empresas, desde que as mesmas não demitam funcionários. Essa proposta não só foi aceita como também foi amplamente divulgada pelo próprio comando do Governo. A UGT não acha correto os patrões, alegando prejuízos com a crise, provocar demissões em massa de trabalhadores e depois ir correndo com o pires nas mãos", pedir dinheiro à União.

Na ONU o presidente do Brasil disse que a crise econômica e financeira não servirá como pretexto para o descumprimento das obrigações de cada Estado com a promoção dos direitos humanos. E quando se fala em direitos humanos não se deve esquecer do trabalhador que, ficando desempregado acaba perdendo o seu principal direito: Direito à Sobrevivência, uma das propostas da UGT.

De um modo geral, é bom para nós que militamos no sindicalismo, ver que nossas idéias vem sendo aproveitadas pelos homens que estão no comando da Nação. Principalmente quando um Chefe de Estado fala dessas propostas num organismo tão importante como ONU. Isso é uma prova evidente de que a UGT estava certa quando promoveu um seminário especificamente para discutir os problemas nacionais nesse período de crise. Aliás, não só discutir, como tirar propostas dos legítimos representante da classe trabalhadora e encaminhá-las ao Presidente Lula.

Só que ainda não estamos totalmente satisfeitos. É preciso que o Presidente da República, como legítimo representante dos trabalhadores, exija da classe empresarial - que já respira mais aliviada depois dos efeitos maléficos dessa crise-, que procure reparar o erro readmitindo admitindo os milhares de trabalhadores que injustamente perderam seus empregos.

(Canindé Pegado é Secretário Geral da UGT)"