26/08/2019
O número de pedidos de tapa-buraco feitos ao portal 156, da Prefeitura de São Paulo, que foram indeferidos disparou no primeiro semestre de 2019 em comparação ao mesmo período do ano passado. Segundo o portal, de cada dez solicitações, quase quatro não foram aceitas.
Do total de 78.979 pedidos de tapa-buraco feitos entre janeiro e junho deste ano, 36,3% acabaram indeferidos. Ou seja, não foram atendidos pela gestão Bruno Covas até o fechamento do balanço do 156. No primeiro semestre do ano passado, 16,3% das 46.493 solicitações não foram aceitas pela gestão.
A reportagem esteve na na semana passada em três endereços de pedidos de tapa-buraco que foram indeferidos. Em todos eles os buracos estavam lá, e em nenhum deles havia vestígios de obras de concessionárias que pudessem ter sido responsáveis pelas aberturas no asfalto —dois deles só foram consertados depois de serem apontados pela reportagem.
O buraco na rua Caiubi, em frente ao número 1.054, na Lapa (zona oeste), é um dos que consta no Portal 156 como indeferido. A abertura no asfalto, que foi tapada apenas nesta semana, ficava no ponto final da linha 7267-10 (Praça Ramos de Azevedo-Lapa).
Segundo motoristas e cobradores que preferiram não se identificar, o buraco e as ondulações no asfalto estavam no local há mais de um ano. “Eu vim para esta linha em junho do ano passado e esse buraco já estava aí. Só não estava maior porque há uns 15 dias cobriram com entulho. Mas isso não resolve”, disse um motorista de ônibus urbano.
Na rua Padre Agostinho Mendicute, na Lapa (zona oeste) entre os números 234 e 250, há outro buraco que cujo pedido para tapar foi indeferido. Operários de um prédio em construção em frente não souberam dizer há quanto tempo ele estava no local.
Já na avenida Senador Queirós, próximo ao número 554, na Sé (centro da capital), havia outro buraco cujo pedido de fechamento foi indeferido e só foi tapado nesta semana.
Aumento de 70%
O total de pedidos de tapa-buraco feitos entre janeiro e junho deste ano aumentou 70% em relação ao mesmo período do ano passado na capital. Segundo dados do portal 156, as solicitações subiram de 46.493 para 78.979.
Em maio deste ano, o prefeito Bruno Covas anunciou que a meta de sua gestão era reduzir de 45 dias para dez dias o prazo para atender a uma solicitação de tapa-buraco feita pela central 156. O novo prazo começa a valer neste segundo semestre.
Na ocasião, o prefeito também afirmou que a prefeitura tinha cumprido a promessa de zerar em 40 dias o estoque de 38 mil solicitações de tapa-buraco que tinham reclamações no 156.
Segundo o prefeito disse à época, os pedidos correspondiam a 28 mil buracos que foram fechados. Isso porque um mesmo buraco poderia ter mais de uma solicitação para ser fechado.
Em maio, o prefeito também responsabilizou as concessionárias de serviços públicos pelas reclamações de reparo de tapa-buraco malfeito nas ruas e avenidas da cidade.
O prefeito tucano também admitiu na época que o serviço de tapa-buraco é apenas um “paliativo” e afirmou que o ideal seria o recapeamento total das vias do município.
Tendência
O especialista em asfalto João Virgilio Merighi afirma é que a tendência é aumentar o número de queixas contra buracos na capital. Segundo ele, a malha viária da cidade está chegando ao fim de sua vida útil.
“Essas malhas costumam durar no máximo 20 anos, a da cidade de São Paulo já ultrapassou os 30”, afirma. “Nas últimas décadas, não foi realizado nenhum um serviço sério para recuperar o asfalto, apenas adotadas soluções paliativas conforme o volume financeiro disponível. Foi feito apenas o mínimo necessário”, diz.
Merighi diz que é comum que outros buracos surjam poucos metros a frente de um que foi recentemente fechado. “Enquanto a prefeitura continuar com este tratamento, o asfalto continuará rompendo cada vez com mais frequência”, diz.
Merighi acredita que é preciso trocar toda a malha da cidade para se ter uma solução definitiva.
Resposta
A Secretaria Municipal das Subprefeituras, da gestão Bruno Covas (PSDB), diz que os pedidos de tapa-buraco indeferidos nas ruas Caiubi e Padre Agostinho Mendicute, na Lapa (zona oeste), e na avenida Senador Queirós, na Sé (centro), constavam “na programação de serviços a serem executados com prioridade”.
Segundo a secretaria, os serviços de tapa-buraco são aprovados e considerados finalizados após os engenheiros das subprefeituras encerrarem a fiscalização.
A pasta explicou que o indeferimento de uma solicitação acontece quando o serviço não é de tapa-buracos, como por exemplo, solapamentos e galerias, ou quando se trata de competência de concessionárias como a de saneamento básico, distribuidora de gás e empresas de telecomunicação.
“Cabe ressaltar que, nestes casos, a solicitação é encaminhada aos órgãos responsáveis como concessionárias e/ou outras secretarias e setores da Prefeitura de São Paulo”, afirma a secretaria em nota.
Segundo a pasta, a gestão Covas tem como meta tapar 540 mil buracos entre 2019 e 2020. Já em 2017 e 2018, foram tapados 481.431 buracos. A secretaria afirma ainda que os serviços foram modernizados.
UGT - União Geral dos Trabalhadores