04/06/2009
Por Gustavo Walfrido*
O que mais preocupa a UGT-Pernambuco são as altas taxas de desemprego. Apenas na Região Metropolitana do Recife existem, segundo pesquisas do Dieese e da Fundação Seade, cerca de 333 mil pessoas sem emprego, nos colocando em uma das maiores taxas de desemprego do País, que é de 11,8% para o chamado desemprego aberto.
A taxa de desemprego aberto, segundo o IBGE, define a relação entre o número de pessoas desocupadas (procurando trabalho) e o número de pessoas economicamente ativas num determinado período de referência.
Para resumir a estatística desesperadora, em cada grupo de dez pessoas, uma com certeza está desempregada, apenas na Região Metropolitana de Recife, ou seja, existe em cada família pelo menos um trabalhador ou trabalhadora fora do mercado de trabalho.
As saídas nos chegam na forma de discursos e promessas. Vem aí o porto. Vem aí a refinaria. Nada disso adianta para a família trabalhadora que se vê, cada dia, sem alternativa. Beirando o desespero diante de uma realidade cruel em que as poucas vagas que surgem eliminam o candidato por falta de qualificação.
É por isso que a UGT-PE, em conjunto com a UGT Nacional, quer mudar rapidamente este cenário, antes que o pânico tome conta da família trabalhadora. Chegou o momento, acreditamos, de capacitar as pessoas com seriedade e profissionalismo.
O dinheiro para os treinamentos existe. Mas os cursos nos chegam aqui no Pernambuco de cima para baixo, a partir de planilhas elaboradas por técnicos em Brasília, sem discutir e ouvir os sindicatos locais e até mesmo os trabalhadores desempregados. Sem sequer avaliar o que motiva ou mobiliza os jovens.
Por exemplo, os cursos de informática que ensinam apenas a operar os computadores estão completamente defasados. Os rapazes e moças estão à frente, já se sentem habilitados para aprofundar em programação, em montar sites, em aprender algo que possa ser imediatamente aproveitado pelo mercado.
Todo mundo está cansado de saber que em um ou dois anos surgirão empregos no porto e na refinaria. Mas também todo mundo está cansado de saber que serão funções que exigirão qualificação diferenciada. O bancário ou o comerciário que perdeu o emprego hoje não poderá ir para o porto ou para a refinaria, por exemplo, para exercer a mesma função. Precisa de ser seriamente requalificado.
O mesmo vale para os jovens que chegam agora ao mercado. Colocar estes jovens em cursos que fingem que qualificam, com baixa carga horária, com professores ganhando pouco, com currículos distanciados da realidade das empresas, é jogar dinheiro do Fundo do Amparo ao Trabalhador (FAT) fora.
Precisamos de um choque de gestão patriótica, de nos preocupar, de verdade, com o desespero que corrói todos os dias as famílias pernambucanas. Se apenas na Região Metropolitana de Recife existem 333 mil sem emprego, imagina o que acontece no interior do Estado? E não falamos, ainda, do subemprego, das pessoas obrigadas a sobreviver com bicos, sem ter a garantia de conseguir se sustentar no dia seguinte.
É para estancar essa sangria desatada que a UGT-PE, junto com a UGT Nacional está agindo. Vamos levar para o Conselho Deliberativo do FAT - Codefat - a proposta de se incentivar, com urgência, a qualificação profissional nos moldes das escolas técnicas federais.
Vincular a formação e a qualificação às necessidades das empresas de serviços, de comércio e de indústria. E se antecipar às obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) com treinamento e qualificação adequada para o pronto aproveitamento dos alunos, quando as obras estiverem prontas. Em vez de promessas, vamos qualificar para o emprego de verdade. Em vez de discurso, vamos nos organizar e nos preparar para participar da geração de riquezas de nosso País.
*Gustavo Walfrido é presidente da UGT-PE
UGT - União Geral dos Trabalhadores