03/06/2009
Por Marcelo Urbaneja*
Toda vez que você é colocado diante desta proposta ilegal, mas feita com a naturalidade dos que estão acostumados ao crime fiscal, significa que todos nós sobrevivemos em um Estado fraco, com serviços públicos sucateados e que desrespeita, sistematicamente, a principal interface do Estado com seus cidadãos, que são os servidores públicos dos três níveis (do município, do estado e da União).
Muita gente ainda se recorda da qualidade das escolas estaduais e municipais, que aos poucos foram sendo prejudicadas pela falta de investimento, de motivação dos professores até chegar á lamentável situação que transforma nossos filhos em vítimas de um sistema obsoleto.Nossos filhos passam anos freqüentando escolas sem estrutura e professores-servidores motivados e preparados para educá-los,e saem da escola sem qualquer preparação seja pessoal ou profissional.
O mesmo foi feito com a Saúde, com a Segurança Pública. O ataque de cupim que foi feito às instituições públicas se deu no seu elo mais fraco: os servidores públicos. Eles tiveram seus salários achatados, foram desmotivados a fazer carreira pública e obrigados a conviver, a cada troca de governo, com os cargos comissionados, nomeados pelos políticos eleitos.
Mas ainda sobraram algumas ilhas de excelência e a partir delas devemos recriar os horizontes para reconstruir o Estado brasileiro e voltar a estimular os servidores públicos a prestar um serviço de qualidade a todos os cidadãos. A Petrobrás, os Correios, a Embrapa, o Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal e o BNDES entre outras que com muita determinação ainda conseguem escapar da má influência dos cargos comissionados.
É para ampliar essa excelência para todos os serviços públicos para os quais já recolhemos impostos, que a UGT Paraná está em campanha. Aqui no Paraná temos 399 municípios. Em todos eles, existem servidores dispostos a trabalhar com qualidade a favor do município, estado e Brasil. Precisam apenas serem motivados e respeitados na sua função constitucional.
Se todos nós cidadãos e trabalhadores brasileiros nos organizarmos para valorizar o serviço público e os servidores, conseguiremos ver a curto prazo o retorno dos impostos que já recolhemos. E em vez de tratarmos com naturalidade as ofertas imorais de notas fiscais corruptas, vamos insistir para que todos contribuam para tornar o Estado brasileiro cada vez mais eficiente. Eficiência que já tem nos atuais servidores e na estrutura do Estado brasileiro as condições prontas para serem imediatamente acionadas a favor do Brasil.
Temos que manter sempre em mente que na última década muitos setores econômicos (que hoje vivem se lamentando da crise financeira mundial) apostaram na idéia do Estado mínimo. Aproveitaram a deixa e se apropriaram, via privatizações, dos bens públicos. Agora, na hora da crise provocada pelo setor privado e seus especuladores de plantão, buscam desesperado o Estado, atrás do financiamento público. Sem se comprometer sequer com as contrapartidas sociais a favor da manutenção dos empregos e dos salários.
Mas a UGT Paraná, quer muito mais. Queremos que o Estado brasileiro, em todos os níveis, seja eficiente para todos os cidadãos. E essa excelência só será conseguida através do preparo, respeito e estímulo aos servidores públicos. E com um basta sistemático contra todas as formas de corrupção, inclusive as mais simples como uma emissão adulterada de uma nota fiscal!
* Marcelo Urbaneja é presidente da UGT Paraná
UGT - União Geral dos Trabalhadores