01/06/2009
Paulo Barck, presidente da União Geral do Trabalhadores Rio Grande do Sul (UGT-RS)*
O transporte de cargas secas no Rio Grande do Sul vive sob a influência de três grandes fatores: a) as exportações
b) a crise financeira mundial e c) a renúncia fiscal (leia-se redução do IPI) dos veículos.
No primeiro momento de grande impacto da crise financeira mundial, o setor de carga seca sentiu na carne as conseqüências com a demissão imediata de 500 companheiros. As empresas se precipitaram e se anteciparam às notícias da crise para, irresponsavelmente, justificar o corte que foi brutal e preocupante.
Através da UGT RS, que presidimos, começamos a articular sob a liderança da UGT Nacional ações que chamamos das contrapartidas sociais. Ou seja, o governo federal adotaria medidas para reaquecer os setores que lideram a retomada do crescimento para tentar conter a sangria desatada nos empregos.
Assim que foi anunciada a redução parcial e, em alguns casos, total do IPI dos veículos automotores, combinada com várias outras ações que apontaram para a decisão do governo brasileiro de reagir à crise, conseguimos estancar as demissões. Agora, a UGT trabalha junto aos governos federal, estaduais e municipais para reverter os prejuízos causados pelas demissões em nosso setor.
E uma das decisões que tivemos a iniciativa de apresentar ao Governo Federal foi o acréscimo de duas parcelas extras ao seguro-desemprego de todos os trabalhadores brasileiros que tenham sido demitidos em função da crise.
A paralisia inicial da crise começa a ser revertida no Rio Grande do Sul em função de sermos as rotas naturais para exportação para o Mercosul. Essa posição logística tem ajudado o setor de carga seca, pelo menos do ponto de vista dos empregos, a se manter com a cabeça acima da linha da água. Mas é preciso que os vários fatores que inibem o crescimento da economia como os juros (que ainda são altos), o investimento na produção e os incentivos à exportações se combinem, novamente, para que os trabalhadores do nosso setor voltem a recuperar não apenas as vagas perdidas, mas também a nossa renda.
Outro fator preocupante, que independe da crise financeira mundial, se relaciona com a proteção ao meio ambiente. Estudos do setor indicam que os transportes são responsáveis por 24% das emissões globais de CO2.
Talvez seja o momento de se aproveitar da crise e as reflexões relacionadas com o meio ambiente para incentivar uma radical renovação da frota nacional. Conseguiríamos, assim, reaquecer a indústria com apoio direto à fabricação de caminhões e, de quebra, ajudaríamos a diminuir o impacto do transporte no meio ambiente.
São questões que fazem parte das reflexões de nossa categoria profissional e que através da UGT Rio Grande do Sul e da UGT nacional apresentamos, periodicamente, para a avaliação da opinião pública e das lideranças políticas do Brasil.
*Paulo Barck, presidente da União Geral do Trabalhadores Rio Grande do Sul (UGT-RS) e do Sinecarga (Sindicato dos Empregados em Transporte Rodoviário de Carga Seca do Estado do Rio Grande do Sul)
UGT - União Geral dos Trabalhadores