15/07/2019
PIB da segunda maior economia do mundo avança 6,2% no 2º trimestre
Sob efeito da guerra comercial com os EUA, a China registrou, no segundo trimestre, o ritmo de crescimento mais lento desde o início dos anos 1990.
A segunda maior economia do mundo se expandiu em 6,2% entre abril e junho, em comparação com o mesmo período do ano anterior.
Embora esse avanço seja de fazer inveja na maior parte do mundo, representa o ritmo mais lento de expansão desde 1992, quando começaram os registros trimestrais modernos na China.
O resultado aponta desaceleração significativa em relação ao primeiro trimestre deste ano, quando o crescimento chegou a 6,4%. Ficou, no entanto, dentro dos objetivos traçados por Pequim.
O primeiro-ministro Li Keqiang estabeleceu, em março, uma meta entre 6% e 6,5% para o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) em 2019. No ano passado, o avanço havia sido de 6,6%.
Uma desaceleração na economia chinesa traz preocupação ao Brasil. O país asiático é o principal comprador de produtos nacionais.
No primeiro semestre, o Brasil exportou US$ 30,4 bilhões em mercadorias para a China, o que representa 28% do total de US$ 130 bilhões. O segundo maior parceiro foram os EUA, que importaram US$ 14,7 bilhões do Brasil.
A China estabeleceu uma meta de dobrar o tamanho da economia até 2020 em comparação com 2010. Com o temor de que a guerra comercial prejudique as exportações, setor fundamental da economia, Pequim manteve uma política monetária frouxa e adotou medidas destinadas a estimular o investimento.
As negociações com Washington para encerrar a guerra comercial iniciada no ano passado foram interrompidas em 10 de maio, e o presidente Donald Trump elevou tarifas sobre os produtos chineses, medida que prejudicou a confiança do consumidor na China.
Mas não é apenas a redução das compras americanas a responsável pelo freio no PIB.
“A economia está em uma tendência de desaceleração porque o mundo está desacelerando, logo as exportações estão desacelerando”, disse Larry Hu, economista-chefe da Macquarie Capital, a unidade de banco de investimento de uma grande multinacional australiana.
Os problemas da China têm suas raízes não apenas no comércio mas também em um sistema financeiro endividado, que foi abalado por uma série de grandes choques nas últimas semanas.
No fim de maio, os reguladores financeiros chineses intervieram no Baoshang Bank, na Mongólia Interior, uma pequena instituição que faz parte de um império financeiro anteriormente controlado por Xiao Jianhua, um financista que desapareceu sob custódia de investigadores do governo há dois anos.
As autoridades reguladoras de Pequim tentaram forçar alguns de seus maiores credores a aceitar perdas, em vez de resgatá-las, como uma forma de ensinar os investidores a serem mais cuidadosos sobre onde colocariam seu dinheiro.
Problemas em alguns dos cantos sombrios do sistema financeiro da China também assustaram os investidores.
O sistema bancário paralelo do país, conhecido como shadow banking, desempenha um papel importante no financiamento de projetos imobiliários e outros empreendimentos comerciais privados. Mas os gerentes de alguns produtos de investimento mais arriscados têm tido dificuldade em fazer pagamentos de juros altos aos investidores nas últimas semanas.
Esses incidentes provocaram uma mudança de comportamento. Instituições e famílias evitaram risco e passaram a investir dinheiro em bancos maiores e mais estáveis, administrados pelo governo central.
Grandes bancos estatais controlaram a maior parte de seus empréstimos para empresas do governo.
Essa tendência, em consequência, prejudicou o mercado imobiliário e o setor privado como um todo, o que ajudou a esfriar a economia.
Fonte: Folha de SP
UGT - União Geral dos Trabalhadores