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Livro tenta derrubar mitos sobre o vírus HIV


25/05/2009



A aids - síndrome da imunodeficiência adquirida - assombra o mundo há quase 30 anos, mas até hoje grande parte da população não conhece bem a doença e os seus sintomas. De acordo com a infectologista Ciane Mackert, nem mesmo muitos pacientes entendem como o vírus é transmitido e como se desenvolve. Pensando nisso, a médica e professora da Universidade Positivo lançou Deu Positivo, E Agora, Doutor?"
livro que responde mais de cem dúvidas sobre transmissão, diagnóstico, tratamento e prevenção do vírus HIV.

"Muitas vezes, o que é óbvio para nós médicos, não é tão óbvio assim para o portador, porque existe o componente emocional associado", diz. "Mesmo quem tem acesso à informação, não sabe processá-la, fica perdido. Já recebi pacientes, diagnosticados há mais de cinco anos, que me perguntavam se eles realmente tinham aids e se precisavam continuar com a medicação. Essa falta de conhecimento prejudica a adesão ao tratamento".

Ciane conta que a maioria das pacientes são de portadores que a própria médica atendeu. "Todos perguntam se vão morrer, quando vão morrer, se vão conseguir criar os seus filhos", conta. "Uma das mais frequentes dúvidas é se vão precisar tomar o medicamento para o resto da vida. Isso é algo que incomoda muito grande parte dos pacientes porque é o que os faz lembrar da doença para toda a vida".

Para a médica, somente a educação sexual continuada nas escolas tem o poder de diminuir os níveis de transmissão da doença e também o preconceito que ainda persegue os portadores do HIV. "A falta de informação com relação à doença ainda existe por causa do estigma de que aids é peste gay, é doença de periferia", analisa. "Achamos que não corremos risco, por não fazermos parte desses 'grupos' e, por isso, nos negamos até mesmo a buscar informação e assim, ficamos mais expostos ao perigo".

Em frente

A infectologista afirma que a aids é hoje uma doença crônica e facilmente controlável. "Desde que o diagnóstico seja realizado cedo e que se siga o tratamento, os portadores podem viver uma vida tranquila. É claro que, como toda doença crônica, como a diabete e a hipertensão, existe o risco de morte. Mas a grande maioria dos pacientes não tem mais a doença estampada na cara", esclarece.

* * *

Tira-dúvidas

Confira algumas perguntas extraídas do livro, respondidas pela autora Ciane Mackert:

O exame positivo para o HIV pode estar errado?

Dificilmente. Para se entregar um resultado como positivo, o paciente deve, na primeira amostra de sangue, fazer dois testes de Elisa (enzima imunoensaio), que tem uma alta sensibilidade e uma especificidade excelente para o vírus HIV. Se o teste der positivo, o paciente é chamado para uma segunda coleta que será submetida também a uma sorologia de HIV. A amostra da primeira coleta é encaminhada a um outro exame confirmatório para o HIV, chamado de Westen Blot, com uma especificidade ainda maior para o vírus HIV do que a do Elisa. Portanto, somente se libera um resultado como positivo quando, nas duas amostras e em todos os testes feitos, o resultado for positivo, impedindo, assim, o risco de erro. Se, em uma das amostras ou em um dos testes feitos, o resultado for negativo ou indeterminado, será reiniciada a pesquisa.

O vírus HIV pode ser transmitido por mosquito?

Não. Os vírus transmitidos por mosquito são aquele com ciclo no próprio mosquito, ou seja, ele tem sua vida fora do corpo humano. O vírus HIV sobrevive muito pouco fora do corpo humano, precisando, portanto, de outro organismo com a mesma estrutura molecular para se desenvolver, o que não existe em um mosquito.

É possível infectar-se no dentista?

Qualquer material que tenha contato com procedimento humano, como instrumental dentário ou cirúrgico, pode, se não bem esterilizado, contaminar outra pessoa. Portanto, é possível ser infectado por esse instrumental se as normas de esterilização de material não forem cumpridas.

Qual a diferença entre portador sadio e doente de aids?

O portador sadio é aquele que se contamina do vírus HIV, porém, por um mecanismo próprio, consegue controlar o avanço da doença e a replicação viral. Ele não possui células do seu sistema imunológico baixas e não evolui para o aparecimento de doenças oportunistas. Esse paciente normalmente não necessita iniciar medicação antirretroviral. Já o doente de aids possui uma ou mais manifestações de deficiência imunológica e que precisa iniciar tratamento.

Que outros fatores podem influenciar no desenvolvimento mais rápido da doença?

Outros fatores podem, sim, determinar a evolução da patologia. pacientes com outra doença que produza algum grau de deficiência imunológica, como, por exemplo, o câncer, podem não somente aumentar a queda das células do sistema imunológico (CD4), mas também impedir que elas voltem aos padrões de valores normais. Uso de drogas, cigarro e álcool, ausência de qualidade de vida e estresse emocional são, por exemplo, outros fatores influenciadores na evolução da doença.

Um portador, quando inicia a medicação, tem de tomá-la para o resto da vida?

Até o presente momento, os estudos mostram que tomar a medicação sem interrupções será bem melhor para a resposta ao tratamento, porém, como tudo é muito novo, pode ser que se tenha surpresas no futuro. Mas, para usufruir dessas novidades, o paciente precisa estar bem, e hoje quem garante esse bem-estar e a saúde são os medicamentos antirretrovirais.

Quanto tempo vive um portador de HIV?

Atualmente, com o controle do vírus com os remédios, pode viver bem por toda a vida. Não se tem essa estimativa, porém, sabe-se somente que, com os remédios, mais que sobreviver, o portador de HIV tem agora qualidade de vida. Tempo de vida, os profissionais de saúde não conseguem dar na ninguém, mas qualidade de vida sim.

O que é reinfecção? Realmente existe?

A reinfecção pelo vírus HIV, também chamada de superinfecção, é consequência dos contatos desprotegidos entre portadores do vírus HIV. Essa condição realmente existe, pois o vírus consegue adquirir uma identidade genética diferente de acordo com o indivíduo portador
como a doença se desenvolve
que medicação esse paciente toma
se é bom aderente
ou seja, diversos fatores determinam a cada vírus uma condição única e ímpar. Cada vez que um casal mantém relação desprotegida, uma carga de vírus com características distintas entra em contato.

Preciso contar no trabalho que sou portador do vírus HIV?

Se, no seu trabalho, não existe risco de transmissão do vírus, você não é obrigado a contar. Caso exista alguma situação de exposição de um colega, procure o médico do trabalho ou o departamento de recursos humanos e converse sobre o assunto. Porém nunca minta. Você não é obrigado a contar em condições normais, mas mentir em uma situação de risco não é o melhor caminho.

E em casa?

É muito importante que alguém possa acompanhar o tratamento de um portador de HIV, alguém de confiança que pode ser da família ou um amigo próximo. Porém o paciente só é obrigado a contar sua condição sorológica para suas parcerias sexuais ou para as pessoas que, de alguma maneira, ficaram em situação de risco no contato com ele.

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Serviço

Deu Positivo. E Agora, Doutor? HIV-Aids - As Perguntas que Ainda Permanecem Depois de Anos, de Ciane Mackert, Wak Editora.

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