06/06/2019
A Caixa Econômica Federal vai cortar juros no crédito imobiliário e oferecer novas alternativas para renegociação de financiamento habitacional em atraso, em mutirão que inclui imóveis do Minha Casa, Minha Vida, anunciou o banco público nesta quarta-feira (5).
As reduções de taxas ocorrem tanto no SFH (Sistema Financeiro de Habitação), para imóveis até R$ 1,5 milhão e que permite o uso do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço), quanto no SFI (Sistema Financeiro Imobiliário), para aqueles acima desse valor e sem a possibilidade de uso do Fundo.
No SFH, a taxa para clientes com conta na Caixa caiu de TR (Taxa Referencial, hoje zerada) + 8,75% para TR + 8,5%. No SFI, a redução foi de TR + 9,75% para TR + 8,5%, também para correntistas do banco. Ambas começam a valer a partir de segunda (10). A taxa Selic está em 6,5% ao ano.
“A grande mensagem aqui é que estamos igualando o funding, seja da classe média ou da classe com um pouco mais de poder aquisitivo. A partir da classe mais baixa de renda, a taxa é igual para todo mundo, seja renda média ou renda um pouco superior”, afirmou Pedro Guimarães, presidente do banco, em coletiva. “Tiramos a distorção entre classe do SFH, de média renda, para uma classe média um pouco mais alta.”
O banco também prevê oferecer a futuros clientes a tabela Price no financiamento imobiliário. Essa opção reduz em até 15% a parcela inicial do financiamento, mas mantém os valores das prestações iguais ao longo do empréstimo. Na tabela SAC, usa pela Caixa, a primeira prestação era mais elevada, mas o valor ia diminuindo durante o financiamento.
Nas próximas semanas, a Caixa vai detalhar uma nova modalidade de crédito, na qual os juros serão atrelados ao IPCA (índice oficial de preços), e não à TR, como ocorre hoje, indicou Guimarães.
A ideia é facilitar a venda dessa carteira de crédito pela securitização desses empréstimos. Com um indexador como o IPCA, os bancos podem fazer o hedge (proteção) comprando títulos públicos atrelados ao IPCA. No caso da TR, não há um título federal que use essa taxa como indexador, explicou Guimarães.
O banco ainda decidiu ampliar as formas de renegociação de financiamento imobiliário atrasado. Cerca de 600 mil famílias, ou 2,3 milhões de clientes, poderão regularizar o imóvel atrasado, segundo estimativas do banco.
Ao contrário do que fez com o crédito comercial, em que a campanha de renegociação vai durar 90 dias, o banco não estabeleceu prazo para encerrar o mutirão de dívida habitacional.
A Caixa espera recuperar R$ 1 bilhão com a regularização, de um universo de R$ 10,1 bilhões de dívidas em atraso de 5,2 milhões de contratos ativos --entre eles, do programa Minha Casa, Minha Vida, embora o banco não detalhe o número total desses imóveis na renegociação.
Ao quitar as pendências, defende, essas pessoas voltam a consumir –em um momento em que o governo precisa de uma ajuda para a retomada da economia, após o PIB (Produto Interno Bruto) recuar 0,2% no primeiro trimestre do ano.
“O objetivo é ajudar as pessoas a evitarem a perda das casas, ajudar as pessoas que estão com desequilíbrio temporário financeiro, a pessoa perdeu o emprego, a fazer um esforço e tentar resolver isso ao longo do tempo, e também gerar um benefício para a sociedade brasileira, porque ao normalizar isso o máximo possível, a gente consegue ter uma volta de consumo seja para a economia, seja para a Caixa.”
Entre as opções oferecidas está a de pagar à vista uma entrada e incorporar as parcelas atrasadas em prestações a vencer. Também poderão usar o saldo do FGTS para quitar até três prestações atrasadas, ou mudar a data de vencimento das prestações –algo que o banco não permite hoje.
O banco quer também dispensar do pagamento de juros e multa cerca de 51 mil famílias com atraso superior a 180 dias, se elas pagarem uma prestação de entrada. Segundo Guimarães, o benefício será aplicado aos casos em que juros e multa somem quase o valor de uma prestação.
RENEGOCIAÇÃO
Na semana passada, a Caixa anunciou um programa de renegociação que deixava de fora débitos com garantia, como crédito habitacional. O banco também exige que o cliente tenha em mãos o dinheiro para pagar o valor acertado com o banco. A ideia é recuperar R$ 1 bilhão.
Essas dívidas têm valor entre R$ 50 e R$ 5 milhões. São 2,629 milhões de pessoas físicas e 319.960 pessoas jurídicas. O banco vai oferecer desconto de 40% a 90% –o médio deve ficar em torno de 86%. O valor vai ser definido a partir do perfil do cliente –faixas com mais dificuldade de quitar a dívida receberão abatimento maior.
A renegociação pode ser feita pelo site da Caixa ou pelo site www.negociardividas.caixa.gov.br. O banco disponibilizou ainda um número de telefone (0800 726 8068, opção 8).
Também será possível negociar em agências da Caixa, pelo Twitter (twitter.com/caixa) ou pelo messenger do Facebook (facebook.com/caixa).
O banco vai consultar o cliente para saber qual a melhor forma de enviar o boleto.
Fonte: Folha de S.Paulo
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