18/05/2009
Perder o emprego por fechamento da empresa ou extinção do cargo aumenta em até 83% as chances de o profissional desenvolver alguma doença. É o que mostra uma pesquisa realizada na Escola de Saúde Pública de Harvard com dados do U.S. Panel Study of Income Dynamics" de 1999, 2001 e 2003, um estudo do comportamento econômico, social e relacionado à saúde de quase 9.000 famílias americanas.
A pesquisadora Kate Strully, socióloga da State University of New York, analisou o impacto que a perda do posto de trabalho "sem culpa" (como definiu a demissão por encerramento do cargo ou fechamento da empresa) na saúde de empregados com diversos cargos, em áreas como gerenciamento, operação de máquinas e serviços.
As principais doenças foram as cardiovasculares (especialmente hipertensão e doenças do coração) e artrite. "Acredito que é mais provável que as doenças surjam em parte por causa de uma depressão e também por estresse e mudanças nos comportamentos saudáveis", disse Strully à Folha.
Um outro trabalho, realizado em São Paulo e Porto Alegre pela Isma-BR, instituição dedicada ao estudo da prevenção e do tratamento de estresse, mostra que o medo de perder o emprego torna as pessoas 50% mais propensas a ter problemas de saúde.
Entre os mil entrevistados 37% afirmaram ter medo de perder o posto. Desses, 88% relataram dores de cabeça e musculares, 42% disseram ter problemas de sono e 30% apresentaram pressão alta, dor no peito e suspeita de infarto. No Brasil, foram fechadas quase 800 mil vagas com carteira assinada de novembro de 2008 a janeiro deste ano.
Sintomas
Ao deixar de integrar uma organização, o sentimento de perda, o medo e a insegurança desencadeiam um quadro de estresse. Quando é intenso ou prolongado, ele desregula a produção de hormônios.
No sistema cardiovascular, esse desequilíbrio pode levar a aumento da pressão arterial, diabetes e maior risco de infarto e derrame cerebral em pessoas com propensão.
"Observo constantemente esse tipo de problema. A pessoa perde o emprego, então ela infarta ou fica hipertensa. E sempre se questiona: 'puxa, trabalhava tanto e agora, sem trabalhar, fiquei doente'. Acontece que a doença já existia e a demissão foi o gatilho para o problema", afirma Ana Lúcia Alves Ribeiro, diretora do Departamento de Psicologia da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo.
Nesse contexto, o sistema imunológico também fica debilitado e pode precipitar a manifestação de doenças autoimunes, caso da artrite reumatóide. Doenças de dor crônica, como fibromialgia, também pioram.
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UGT - União Geral dos Trabalhadores