29/05/2019
A indústria da construção perdeu cerca de 93,6 mil pessoas ocupadas e fechou 564 empresas entre 2016 e 2017. No mesmo período, o valor gerado pelas incorporações, obras e/ou serviços caiu 9,6%, recuando para R$ 280 bilhões, em termos nominais. Os dados são da Pesquisa Anual da Indústria da Construção (Paic), divulgada hoje (29) pelo IBGE.
“O cenário de baixo crescimento, instabilidade econômica e incertezas institucionais tem desestimulado os investimentos, e o setor [de construção] perdeu dinamismo nos últimos anos”, analisa a gerente de Pesquisas Estruturais e Especiais do IBGE, Fernanda Vilhena.
De fato, nos resultados do Produto Interno Bruto (PIB) de 2017, o investimento, mensurado pela formação bruta de capital fixo, apresentou uma queda de 2,5%, sendo a construção o componente de maior peso.
Como exemplos na redução dos investimentos, Fernanda destaca os desembolsos em infraestrutura do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que, apesar do ligeiro aumento nominal em 2017, tiveram fortes retrações em 2015 e 2016. Além disso, o crédito imobiliário também apresentou queda intensa entre 2016 e 2017, com redução no número de unidades financiadas.
Boa parte dessa retração se refletiu no segmento de infraestrutura, que perdeu participação no valor das incorporações, obras e/ou serviços ao longo dos últimos anos. Por outro lado, a construção de edifícios ganhou representatividade. De 2008 a 2017, a participação do segmento de infraestrutura caiu de 47,4% para 32,2%, enquanto a da construção de edifícios cresceu de 37,2% para 45,8%.
Fernanda explica que esses números vêm acompanhados da diminuição da participação do setor público como cliente na geração do valor de obras. “De 2008 para 2017, a participação do setor público caiu para a indústria como um todo, mas principalmente no setor de infraestrutura, que é muito dependente do investimento público”.
Em relação ao emprego, a indústria da construção empregava, em 2017, cerca de 1,9 milhão de pessoas, mostrando uma queda de 4,7% em relação a 2016. Este é o menor contingente de ocupados desde 2008, quando havia cerca de 1,8 milhão de pessoas ocupadas no setor da construção.
Todos os segmentos tiveram queda na média de pessoal ocupado. Porém, o segmento que mais perdeu participação entre 2008 e 2017 foi também o de obras de infraestrutura, que tinha o maior porte médio e a maior média salarial.
“Em participação no emprego, o segmento de infraestrutura foi superado pelos serviços especializados, que são empresas menores, de serviços de acabamento, pintura, encanamento, caracterizados por pagarem salários mais baixos. Ou seja, os empregos que ganharam participação foram justamente os associados aos salários mais baixos, mudando o perfil do emprego na construção”, conclui Fernanda.
Fonte: Agência IBGE
UGT - União Geral dos Trabalhadores