27/05/2019
Neste domingo, 26 de maio, teve início o Seminário Continental de Formação sobre Trabalho Decente nas Cadeias Produtivas e Violência no Local de Trabalho.
O evento é organizado pela União Geral dos Trabalhadores (UGT), em parceria com a Confederação Sindical das Américas (CSA), financiado pela CSC (Central Sindical Cristã) da Bélgica e coordenado pelo IAE (Instituto de Altos Estudos da UGT) e Ipros (Instituto de Promoção Social).
Reunidos na Praia Grande, litoral de São Paulo, participam do seminário dirigentes sindicais da Argentina, Bélgica, Bolívia, Brasil, Colômbia, Costa Rica, El Salvador, Guatemala, Haiti, Peru, República Dominicana e Venezuela.
O objetivo é promover a troca de boas práticas relacionadas ao trabalho decente e à violência no local de trabalho em cada um desses países.
Na ocasião, compuseram a mesa de abertura Laerte Teixeira, secretário de Políticas Sociais da CSA e vice-presidente da UGT; Moacyr Pereira, tesoureiro da UGT e presidente do Siemaco-SP; Regina Pessoti Zagretti, secretária da Mulher da UGT e presidente do Sindicato dos Comerciários de Ribeirão Preto; Marvin Largaespada, da Uni Américas; e Georgina Bruno, da WSM da Bélgica.
Laerte falou da importância deste evento, especialmente neste momento difícil pelo qual passam o Brasil e o movimento sindical, enaltecendo que é necessário trocar e aprender com as experiências internacionais.
"Precisamos de formação e informação para levar às nossas categorias, à base", complementou Regina Zagretti.
Moacyr afirmou que, apesar dos ataques vivenciados hoje, especialmente ao financiamento dos sindicatos, “vamos resistir e nos tornar ainda mais fortes a partir das nossas experiências e do que podemos aprender com as entidades internacionais”.
Marvin disse ter percebido a situação do movimento sindical brasileiro, mas garantiu solidariedade e união para superar este momento.
“É importante unir forças, refletir e reavaliar o sindicalismo. Um dos caminhos é a rede social da América Latina. É em espaços como este que conseguimos construir o trabalho decente, o fim da discriminação e da violência etc.”, salientou Georgina.
Também participam do seminário Cássia Bufelli, secretária adjunta da Mulher da UGT; Josi Camargo, secretária de Formação; Joyce Ribeiro, assessora da Secretaria da Mulher; Gustavo Pádua, secretário da Juventude da Central; e Helen Silvestre, do IAE.
Ao longo dos debates, Cássia ressaltou a importância das medidas protetivas – “mais ainda do que a Convenção da OIT”, e Josi afirmou que a formação, como este seminário, é essencial na agenda sindical.
O painel do primeiro dia, mediado por Roberto Nolasco, coordenador de Finanças da UGT e presidente do IAE, abordou as cadeias globais de produção e a ação sindical.
Laerte Teixeira chamou a atenção para o fato de, mundialmente, a grande massa dos trabalhadores estar sendo empurrada cada vez mais para o mercado informal. Segundo o vice-presidente da UGT, 80% da mão de obra hoje é contratada por pequenas e médias empresas. Na América Latina, 95% da mão de obra de 25 empresas multinacionais é de trabalhadores ocultos. Hoje, um emprego direto corresponde a 17 trabalhadores ocultos. "Isso é inaceitável do ponto de vista social, de justiça, de direitos humanos."
Para Nolasco, "hoje, os direitos específicos se sobrepõem aos direitos dos demais. Da forma como está, os sindicatos acabam representando contratos de trabalho, e não trabalhadores. Por exemplo, no Brasil, 50% dos trabalhadores estão na informalidade e não são representados por entidades sindicais. Eles precisam saber que os sindicatos estão aqui para eles. Para isso, precisamos ir para as bases".
A importância de tal ação foi reiterada por Isamar Escalona, da CSA: "O movimento sindical organiza principalmente o trabalhador que está na empresa. Mas precisamos pensar e acompanhar o futuro do trabalho. Ou seja, como vamos chegar aos trabalhadores ocultos? Daí a importância de trocas como as que podemos fazer nesse seminário. Precisamos de informação para atuar".
Durante o painel, representantes de diferentes países falaram um pouco sobre a informalidade e o movimento sindical em suas nações.
Na Venezuela, houve muitas mudanças recentemente e o movimento sindical não abrange as novas situações que surgiram, aumentando o desemprego.
No Peru, mais de 70% dos trabalhadores estão na informalidade, principalmente os jovens.
A migração, ou seja, o fato de a força e o potencial do país irem para o estrangeiro, é o maior problema enfrentado pelo Haiti.
Na Bolívia, há 81% de informalidade. Ao ser conhecido como um país de empreendedores, é preciso entender que empreender, na verdade, acaba sendo uma necessidade. Outro ponto destacado foi a enorme discriminação contra as mulheres.
Representantes da Guatemala afirmaram que lá não se respeita a sindicalização e o trabalhador. Por exemplo, o empregador não repassa a contribuição do trabalhador para o sistema previdenciário.
Já na Argentina, há 30% de informalidade. Além disso, as mulheres despertaram e lutam para fortalecer os sindicatos e acabar com a violência no trabalho.
Por último, a República Dominicana trouxe a informação de alto desemprego entre jovens mulheres, que ainda ganham menos que os homens em cargos iguais e sofrem claramente violência de gênero.
UGT - União Geral dos Trabalhadores