03/04/2019
A quantidade de pessoas que decide deixar o Brasil continua crescendo. Os últimos dados da Receita Federal mostram que 22,4 mil pessoas entregaram a declaração de saída definitiva do país no ano passado. Em 2017, foram 21,2 mil.
A declaração definitiva é obrigatória para quem vai morar no exterior. Os registros de entrega cresceram de forma acentuada a partir de 2014, quando o Brasil passou a sentir os primeiros sinais da recessão econômica. Até então, os pedidos de saída definitiva não superavam 10 mil.
Há países que adotam políticas de incentivo para atrair trabalhadores estrangeiros, embora o processo migratório seja bastante burocrático. Entre os destinos mais tradicionais, estão Japão e Canadá. São economias que combinam baixo desemprego e uma população mais velha e, portanto, lidam com falta de mão de obra.
No Japão, o governo recruta trabalhadores estrangeiros para 14 áreas, de acordo o consulado japonês. Há vagas para atividades de limpeza e cuidados domésticos; na indústria manufatureira, eletrônica e automotiva; na construção civil; na agricultura, entre outras.
"Houve uma mudança drástica no perfil de quem decide ir para o Japão. Antes o objetivo era conseguir acumular algum dinheiro, hoje são famílias inteiras que querem sair do Brasil em busca de mais qualidade de vida", afirma o sócio da agência TGK, Armando Shinozaki.
A mudança para o Japão costuma ser mais fácil para os trabalhadores integram até a terceira geração de japoneses que vieram para o Brasil em décadas passadas. "Se a pessoa estiver nesse grupo, ela pode consegue o visto e aí trabalhar e morar normalmente no Japão", diz Shinozaki.
Recentemente, com o agravamento do problema de falta de mão de obra, o governo japonês também começou a facilitar a entrada de descendentes da quarta geração.
De forma geral, as agências que recrutam mão de obra brasileira para o Japão trabalham com empresas terceirizadas. São essas companhias que fazem a ponte com as empresas mais importantes do país asiático. "Nós só apresentamos as pessoas. São essas companhais terceirizadas que entram em contato com o trabalhador para fazer o processo seletivo e, depois, ficam responsáveis pela moradia no Japão se o candidato for aprovado", afirma Shinozaki.
O Canadá também mantém uma busca permanente por trabalhadores estrangeiros. O governo tem um programa exclusivo - chamado de Express Entry - para quem deseja se mudar para o país com um trabalho garantido.
No ano passado, 1,3 mil brasileiros integraram o programa, segundo consulado do Canadá. A participação de brasileiros tem sido cada vez mais - em 2015, 250 pessoas foram beneficiados. Hoje, o Brasil já representa o sexto maior contingente de contratados por meio da iniciativa, atrás apenas de Índia, China, Nigéria, Paquistão e Reino Unido.
Entre as principais profissões oferecidas pelo Canadá, estão vendedor, operário de obras, soldador, engenheiro elétrico, assistente administrativo, recepcionista, motorista, caixa, enfermeiro, entre outras.
"Para o processo mais realista, com residência permanente, e consequentemente, a obtenção de todos os direitos e deveres de um residente no Canadá, inclusive permissão de trabalho em quase todas as profissões, o candidato precisa, antes de tudo, fazer um processo imigratório, atendendo os critérios de elegibilidade do país", afirma o cofundador da Canada Intercambio, Eduardo Santos.
Neste mês, a empresa começa um road show pela cidade de São Paulo para receber os trabalhadores interessados em migrar para o Canadá. As cidades de Ribeirão Preto (SP), Campinas (SP), Belo Horizonte, Uberlândia (MG), João Pessoa e São Luís também estão no roteiro.
Para quem deseja começar uma nova vida no exterior, o planejamento é fundamental, diz Maria Elisa Moreira, professora de gestão e liderança do Insper.
"Por mais aventureira que uma pessoa possa ser é um pouco insano não se organizar para uma empreitada dessas, sobretudo as questões que envolvem a parte financeira", diz Maria Elisa.
Veja algumas dicas de como se planejar:
Manter uma documentação organizada, como visto de trabalho;
Ter fluência idioma do país de destino;
Não ter pendências jurídicas e financeiras no Brasil;
Conhecer os costumes e a cultura do novo país;
Organizar as questões de moradias e educacionais, sobretudo se a mudança envolver toda a família.
Fonte: G1
UGT - União Geral dos Trabalhadores