27/03/2019
Um dos seis sobreviventes da tragédia aérea da Chapecoense que vitimou 71 pessoas em novembro de 2016, na região de Medellín, o jornalista Rafael Henzel, 45, morreu nesta terça-feira (26) após sofrer um infarto durante um jogo de futebol com amigos, em Chapecó.
O jornalista foi socorrido após sofrer um mal súbito e levado ao Hospital Regional de Chapecó, mas não resistiu. O narrador costumava jogar futebol com os amigos às terças.
Ele estava escalado para narrar nesta quarta-feira (27) o jogo entre Chapecoense e Criciúma, pela Copa do Brasil, na rádio Oeste Capital FM, onde trabalhava. O clube pediu à CBF o adiamento da partida.
Na semana passada, estava na Europa participando de dois festivais de cinema que exibiram o filme “Nossa Chape”.
A Chapecoense usou suas redes sociais para fazer homenagens ao narrador.
“Durante a sua brilhante carreira, Rafael narrou, de forma excepcional, a história da Chapecoense. Tornou-se um símbolo da reconstrução do clube e, nas páginas verde e brancas desta instituição, sempre haverá a lembrança do seu exemplo de superação e de tudo o que fez, com amor, pelo time, pela cidade de Chapecó e por todos os apaixonados por futebol. Desejamos, de todo o coração, que a família tenha força para enfrentar mais um momento tão difícil e esta perda irreparável”, escreveu o time.
Outros clubes e entidades esportivas também prestaram homenagens ao narrador.
Além de Henzel, os outros sobreviventes do acidente foram o goleiro Jackson Follmann, o zagueiro Neto, o lateral esquerdo e meia Alan Ruschel, o técnico da aeronave Erwin Tumiri e a comissária de bordo Ximena Suárez.
Na tragédia, ocorrida no voo que levava o time de Santa Catarina para a disputa da final da Copa Sul-Americana, Henzel teve sete costelas quebradas, pneumonia e uma lesão no pé direito. Ficou 20 dias internado, dos quais 10 na UTI. Após receber alta, voltou a narrar uma partida em menos de 45 dias. Na oportunidade, trabalhou no amistoso entre Chapecoense e Palmeiras.
“O que posso dizer é que lá ocorreu um milagre. Setenta e uma pessoas perderam a vida, apenas seis pessoas sobreviveram. No meu caso posso dizer que houve um milagre, já que o meu banco ficou preso entre duas árvores, caso contrário eu seria lançado mais à frente e sabe-se lá o que poderia acontece”, disse o narrador em entrevista à Folha.
Na oportunidade, em dezembro de 2016, ele disse que desejava retornar ao trabalho, a jogar futebol com os amigos e videogame com o filho Otávio, na época com 11 anos.
“A vida vai passando, vão ficando recordações e de repente a vida pode parar. Temos que viver com mais amor, viver mais com a família, apesar de que temos que trabalhar. Principalmente, radiar solidariedade, radiar o amor”, disse.
Em 2017, Rafael Henzel lançou o livro “Viva Como se Estivesse de Partida” e começou a dar palestras motivacionais.
A obra fala sobre o acidente e passa uma mensagem de dar mais importância à vida.
“A gente chegou à conclusão de que o importante é a mensagem. As pessoas podem pensar que é um livro para ficar rico. Não tem nada a ver. Estamos bem estruturados em Chapecó. O principal é a mensagem que a gente quer passar”, disse na ocasião.
Fonte: Folha de S.Paulo
UGT - União Geral dos Trabalhadores