21/03/2019
O Ministério Público do Trabalho em São Bernardo do Campo (MPT) estipulou prazo de 10 dias para que a Ford do Brasil emita novo comunicado público se comprometendo a buscar novos compradores para a planta fabril e a minimizar os efeitos econômicos e sociais à cidade, durante a segunda reunião de mediação de conflitos entre a montadora, o sindicato da categoria e a prefeitura da cidade.
A sugestão foi feita quinta-feira (14/03) durante segunda reunião para mediação de conflito acerca do fechamento de fábrica da Ford em São Bernardo, comandada pelo MPT, que terminou sem acordo entre as partes. O sindicado e a prefeitura pediam a manutenção dos postos de trabalho na cidade, bem como um plano de ‘desmobilização’ da planta fabril em SBC com ações voltadas a minimizar os efeitos decorrentes das interferências negativas que o fechamento da fábrica irá causar não só aos trabalhadores diretos, mas também à municipalidade.
Com a reafirmação da empresa de que a saída do município é irreversível, o MPT pediu que a Ford divulgue novo posicionamento no sentido de assumir posição de reunir esforços na tentativa de buscar possíveis compradores da planta, de maneira a viabilizar a manutenção dos postos de trabalho e minimizar os impactos para o município. “É importante que a Ford manifeste-se perante o Estado oficialmente, por escrito, com um plano de desmobilização bem definido, não somente para a mitigação dos efeitos negativos ocasionados por sua decisão de encerrar as atividades na fábrica de São Bernardo do Campo, mas também para que se comprometa na busca de eventuais compradores da planta no local”, afirmou a procuradora do Trabalho Sofia Vilela, responsável pela condução da mediação.
O procurador do Trabalho Ricardo Ballarini destacou que o anúncio de fechamento causou apreensão nos trabalhadores “que lidam com máquinas e criou uma situação de abalo psíquico que pode causar acidentes. E o município pode ser prejudicado em investimentos por conta deste anúncio”, avaliou.
Segundo cálculos estimados pelo Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, com o fechamento da planta de produção de caminhões e do New Fiesta em São Bernardo do Campo, deixarão de circular na economia do Grande ABC pelo menos R$ 264,4 milhões ao ano. Este valor equivale a 2,4% do PIB (Produto Interno Bruto) da região, estimado em R$ 112 bilhões. O cálculo considera apenas os trabalhadores diretos da montadora, 2.800 profissionais, e tributos recolhidos. Ainda segundo o sindicato, em 12 meses, deixariam de ser injetados na economia local R$ 201,6 milhões. Os R$ 18 milhões restantes seriam resultantes das perdas que a Prefeitura teria na arrecadação, sendo R$ 14 milhões com ICMS (Imposto Sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços) – 1,65% do total de repasses do tributo de acordo com o Orçamento municipal aprovado em dezembro – mais R$ 4 milhões referentes à arrecadação de ISS (Imposto sobre Serviços) – 0,7% do volume arrecadado.
De acordo com o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Wagner Santana, a suspensão do comunicado seria importante para tentar recuperar o ambiente de normalidade dentro da empresa e tranquilizar os trabalhadores. “Insistimos hoje para a Ford suspender o comunicado, e não a decisão de fechamento, o que, para nós, está claro que não vai acontecer. Mas nós precisaríamos ter condições para retornar a trabalhar com o ambiente de normalidade, assim como queremos garantia de participação junto a negociações de um possível parceiro”, disse o sindicalista”. Os trabalhadores paralisaram suas atividades desde o anúncio do fechamento da fábrica.
O prefeito Orlando Morando pleiteou a criação de um comitê permanente, envolvendo todas as esferas até que se esgotem todos os mecanismos de reversão da situação imposta pela companhia. “Entendo que as empresas que têm benefícios fiscais têm responsabilidades perante o Estado e a sociedade. Nos últimos anos, a Ford recebeu R$ 7,5 bilhões, só nos últimos cinco anos, em incentivos ficais, agora não pode sair sem apresentar um plano de ‘desmobilização’ diante da sua decisão de encerramento das atividades na planta de São Bernardo do Campo”, afirmou.
Ao final da reunião, o MPT deu prazo de 10 dias para que a Ford se manifeste acerca da recomendação apresentada pelo órgão, que, segundo os representantes da Ford, será levada às instâncias decisórias da empresa para que a proposta seja avaliada.
Participaram da reunião os procuradores do Trabalho Sofia Vilela e Ricardo Ballarini, o prefeito de São Bernardo, Orlando Morando (PSDB), o presidente do SMABC (Sindicato dos Metalúrgicos do ABC), Wagner Santana, e representantes dos setores jurídico, RH (Recursos Humanos) e relações governamentais da Ford.
Fonte: MPT
UGT - União Geral dos Trabalhadores