21/03/2019
Finalizadas as eleições para a renovação da diretoria do Sindicato União dos Servidores do Poder Judiciário do Estado de São Paulo, em 18/03, 80% dos votos elegeram Wagner José de Souza como novo presidente da entidade, que representa os servidores do Tribunal de Justiça de São Paulo e o Tribunal de Justiça Militar paulista. A disputa se deu contra a chapa encabeçada por Levy Pereira de Oliveira, um candidato com visão semelhante à dos vencedores, fato que elevou o nível do processo, em que um grupo honrou a presença do outro.
No entendimento do presidente eleito, o diferencial entre a chapa 1 – “Inovação com Experiência” – e dos oponentes da chapa 2 – “Vermelho para Mudar” – esteve no posicionamento. A chapa 2 optou pela radicalização, enquanto a chapa 1 preferiu optar pelo caminho do diálogo e o aprofundamento dos temas.
A diferenciação fica mais clara na postura dos vencedores em relação ao contexto atual, em que o sindicalismo se encontra fragilizado e colocado à margem do processo decisório no país. Wagner José de Souza acredita na existência de outros caminhos. Um deles são os recursos nos tribunais e organismos internacionais, através de denúncias, e outro desponta como uma alternativa pouco exercida pelo sindicalismo, que é a mudança de postura junto ao Parlamento, prestando os esclarecimentos que ajudem a elucidar os posicionamentos, longe dos ataques e da defensiva costumeira.
O sindicalista, acredita que um novo comportamento pode ajudar a desfazer a visão demonizada do movimento sindical que persiste junto à sociedade. Será preciso esclarecer perante o Congresso Nacional sobre a destinação dos recursos mensais arrecadados dos representados e colocar “os pingos nos is” na questão do custeio do sindicalismo.
Agindo assim, chegaremos mais perto de uma repercussão positiva sobre a “atuação de sindicatos e entidades representativas”, adverte o novo presidente do Sindicato União, para quem o povo já está acreditando no que está errado, pois está cansado de ouvir tantas versões do mesmo assunto. A partir de um trabalho esclarecedor junto aos parlamentares, será possível contar com novas vozes em favor dos sindicatos de servidores públicos e também do conjunto da classe trabalhadora.
DIREITOS TRABALHISTAS E PREVIDENCIÁRIOS EM QUESTÃO
Citando declaração do presidente Jair Bolsonaro, de que o trabalhador brasileiro não precisa vir para os Estados Unidos em busca de trabalho, pois conta com a segurança trabalhista, Wagner José de Souza apontou um caminho de questionamento sobre o governo federal: se disse que temos proteção trabalhista, devemos cobrar a efetividade dessa condição.
A categoria integrada por servidores públicos está sendo abatida por tantas leis que vêm assolar a vida desses trabalhadores, como a questão previdenciária, que tramita no Congresso Nacional. Mesmo contribuindo com 11% do total dos vencimentos, o servidor precisa recorrer ao recurso da previdência complementar, desde 2013, para seguir pagando acima do teto e suprir tal necessidade.
O novo presidente, que é que Secretário Adjunto de Relações Internacionais da União Geral dos Trabalhadores (UGT), concorda que é preciso promover uma reforma na Previdência Social, mas espera que ela reveja vantagens exclusivas a determinados grupos, como políticos, magistrados, militares e de auditores que ganham acima do teto. Wagner José de Souza também coordena a área Internacional da Confederação dos Servidores Públicos do Brasil (CSPB), entidade que congrega 42 entidades representativas da classe em todo o país.
“SINDICATO CIDADÃO”
Criado em 5 de outubro de 1988, data da promulgação da conhecida “Constituição Cidadã”, que viria a promover o estado democrático de direito e modificar a nomenclatura relativa à classe. A partir de então, o “Funcionário Público” passou ser chamado de Servidor Público e conquistou o direito da livre filiação a um sindicato específico.
Assim, os Servidores do Quadro de funcionários do Tribunal de Justiça e Militar do Estado de São Paulo, reunidos fundaram o Sindicato União dos Servidores do Poder Judiciário do Estado de São Paulo, obtendo a carta sindical no Ministério do Trabalho em 12 de março de 1990. Atualmente, a entidade representa 43.600 servidores da ativa.
UGT - União Geral dos Trabalhadores