20/03/2019
Com a escalada das cotações do petróleo, os preços da gasolina e do diesel vendidos pela Petrobras dispararam em 2019.
Para evitar altas maiores, segundo analistas, a estatal vem praticando valores abaixo das cotações internacionais desde o início de março.
Nesta terça-feira (19), a Petrobras vendeu o litro da gasolina em suas refinarias por R$ 1,836, 21,5% a mais do que o preço praticado no fim de 2018. É o maior valor desde o início de novembro do ano passado.
Já o diesel subiu 18,5% em 2019.
Nesta quarta-feira (20) o presidente Jair Bolsonaro escreveu em sua conta no Twitter que sabe que uma das principais reclamações do brasileiro é o preço do combustível.
"Temos conversado com os ministérios responsáveis para absorver tal demanda e até poder diversificar", escreveu.
"Lembro que os estados carrregam consigo enorme responsabilidade na tributação dos combustíveis."
Segundo o o consultor Adriano Pires, do CBIE (Centro Brasileiro de Infraestrutura, os aumentos refletem a alta das cotações do petróleo.
A cotação do petróleo Brent, negociado em Londres e usado como referência internacional, subiu 26,4% em 2019.
Mas vêm em ritmo mais lento do que ocorre no mercado global, principalmente nas últimas semanas, quando o ritmo de aumento das cotações internacionais se acelerou, em uma indicação de que a Petrobras está segurando repasses ao mercado interno.
Em sua política de preços, implementada em julho de 2017, a Petrobras usa um conceito chamado paridade de importação, que simula o valor em que a gasolina do Golfo do México chegaria ao Brasil, incluindo a conversão em reais e custos de importação.
De acordo com a Abicom (Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis), esse valor subiu 13% em março.
Já a gasolina da Petrobras teve alta de 9% no mesmo período. “Vale ressaltar que a variação insuficiente foi sobre uma base já defasada”, diz a entidade.
Cálculos feitos pelo CBIE indicam que, desde o início de março, a Petrobras está vendendo gasolina a preços mais baixos do que a cotação internacional em quatro das cinco regiões brasileiras —a exceção é o Centro-Oeste, onde os custos logísticos são maiores.
No Sudeste, por exemplo, a diferença na segunda-feira (18) era de R$ 0,05 por litro. No Sul, de R$ 0,07.
Em fevereiro, houve momentos com defasagem e outros em que os preços brasileiros estavam superiores à cotação internacional.
Em sua política de preços de 2017, que permitiu a realização de reajustes diários, a Petrobras decidiu que venderia combustíveis com margem de lucro sobre a paridade de importação.
Segundo a empresa, na época, o objetivo era evitar a repetição de prejuízos com os preços defasados praticados durante o governo Dilma Rousseff (PT).
A política foi alvo de muitas críticas durante o primeiro semestre de 2018, quando os altos preços dos combustíveis levaram à paralisação dos caminhoneiros que travou o país por duas semanas.
Para encerrar o protesto, o governo decidiu subsidiar o preço do diesel até o fim do ano.
Os questionamentos levaram o então presidente da companhia, Pedro Parente, a pedir demissão em junho.
Parente era defensor da política de preços e, ao ser convidado pelo ex-presidente Michel Temer (MDB), recebeu garantia de que não haveria ingerência política na estatal.
Em setembro, já sob o comando de Ivan Monteiro, a Petrobras ajustou a política de preços da gasolina, liberando a sua área comercial para segurar reajustes por períodos de até 15 dias, alegando que usaria instrumentos financeiros de proteção para evitar prejuízos.
A medida foi estendida para o diesel após o fim do programa de subvenção ao preço do combustível, no fim do ano.
O movimento de alta no preço da gasolina ainda não chegou integralmente às bombas, segundo dados da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), mas especialistas dizem acreditar que o petróleo se manterá em alta, pressionando o mercado interno.
A pesquisa de preços da agência mostra que o litro da gasolina foi vendido na semana passada por R$ 4,294, na média nacional.
O valor ainda é inferior aos R$ 4,344 vigentes na última semana de 2018, mas 3% superior ao verificado um mês atrás.
No caso do diesel, o preço da semana passada (R$ 3,535 por litro) é 2,43% superior ao vigente no fim de 2018 (R$ 3,451 por litro).
Na segunda-feira (18), membros da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) decidiram manter até junho acordo que limita a produção e sustenta os preços em alta.
O corte na produção foi decidido em dezembro, após forte queda nas cotações internacionais.
“Os fundamentos do mercado provavelmente não vão mudar nos próximos meses”, disse nesta segunda o comitê ministerial que acompanha as ações dos membros do cartel.
Fonte: Folha de S.Paulo
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