15/02/2019
Com o recuo do setor pelo 4º ano seguido, após o desempenho fraco da indústria e do varejo, especialistas cortam previsões de avanço da economia
O setor de serviços encerrou 2018 ainda no vermelho, confirmando que o ritmo de recuperação da atividade econômica permanece mais lento do que o desejado. Após os sinais de falta de vigor retratados pelo segmento, junto com os desempenhos decepcionantes da indústria e do varejo, analistas do mercado financeiro se apressaram em revisar suas estimativas de crescimento para o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro.
O volume de serviços prestados encolheu 0,1% em 2018, o quarto ano seguido de retração. O setor, que tem o maior peso na economia e é intensivo em mão de obra, já acumula uma perda de 11,1% em quatro anos de crise, de acordo com os dados da Pesquisa Mensal de Serviços, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Após a divulgação da pesquisa, a corretora de valores Necton revisou para baixo a projeção para o PIB de 2018, que passou de uma alta de 1,1% para 0,9%. O Banco Fator deve reduzir sua previsão para o PIB do ano passado de 1,4% para 1,0%, enquanto a estimativa para 2019 deve sair de 2,4% para cerca de 2,0%, disse o economista-chefe do Banco Fator, José Francisco de Lima Gonçalves. Gonçalves acredita que o resultado da Pesquisa Mensal de Serviços fechou a percepção que a retomada está “caminhando para zero”.
“O IBC-Br (Índice de Atividade Econômica do Banco Central) deve confirmar que a recuperação dos últimos 18 meses acabou.” A alta de apenas 0,2% na passagem de novembro para dezembro de 2018 no volume de serviços foi fraca e reflete o desempenho da indústria e do comércio, que também patinaram no fim do ano passado, avaliou a economista-chefe da Rosenberg, Thaís Zara.
“A recuperação é lenta. Esses dados todos mostraram um pouco menos de força. Tem uma preocupação para a entrada de 2019”, afirmou Thaís, que deve revisar para baixo sua projeção de crescimento de 2,8% para o PIB de 2019. A estimativa da Rosenberg para 2018 é de um avanço de 1,3%, mas também pode passar por ajustes, contou.
Em dezembro, o volume de serviços prestados operava 11,4% abaixo do ponto mais alto já registrado pela pesquisa do IBGE, de janeiro de 2014.
“Desde novembro de 2016 até agora, ainda que haja alguma oscilação, ele (o setor de serviços) não consegue se recuperar”, ressaltou Rodrigo Lobo, gerente na Coordenação de Serviços e Comércio do IBGE.
Entre os subsetores investigados, os Serviços profissionais, administrativos e complementares estão em situação mais delicada. A atividade desceu em dezembro ao ponto mais baixo da série, 20,8% abaixo do pico registrado em junho de 2013. “O que tem mostrado mais dificuldade para sair da crise são aquelas empresas que prestam serviços a outras empresas”, disse Lobo.
Entre as dificuldades enfrentadas pelo segmento estão os serviços de engenharia prestados para a área de petróleo e de construção, serviços de vigilância privada e transporte de valores.
Fonte: O Estado de S.Paulo
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