28/01/2019
É inadmissível que mais um acidente com barragem aconteça no Brasil sem que algo efetivo seja feito para evitar novas tragédias.
Na verdade, mais um crime, pois o que aconteceu em Brumadinho foi um crime anunciado, porque, após o rompimento da barragem de Mariana, em 2015, já era para terem acontecido mudanças drásticas na Política Nacional de Segurança de Barragens, que é de 2010, mas, nesse período em que está em vigor, se mostrou ineficiente e ineficaz para alcançar o seu objetivo, que era o de evitar os desastres ambientais e salvar a vida da população e de trabalhadores.
Contudo, os interesses políticos e econômicos falaram mais alto do que o risco iminente de ocorrerem verdadeiras catástrofes.
Em recente entrevista, Bruno Milanez, doutor em Política Ambiental da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), lembra que Mariana anunciou Brumadinho. “A gente não discutia se haveria outros rompimentos, mas quando eles aconteceriam.”
Ou seja, houve um descaso com a possibilidade de um novo acidente, o que é mais sério ainda, pois, somente em Minas Gerais, existem 698 barragens cadastradas no Banco de Dados de Barragens da Fundação Estadual do Meio Ambiente (FEAM) e quase 10% delas apresentam risco, segundo o Ministério Público.
Em 2015, logo após o rompimento da barragem de Mariana, a Agência Brasil fez o levantamento de que o Brasil tem 663 barragens de contenção de rejeitos de mineração e 295 barragens de resíduos industriais. Só em 2008, houve 77 rompimentos de barragens no País, embora a maioria dos casos tenha ganhado pouca repercussão.
Com isso, constatamos que este é um problema antigo. Uma tragédia anunciada que não contou com medidas eficazes para evitar que o pior acontecesse. E isso foi reforçado na entrevista de Bruno, ao dizer que, em todos esses anos, a visão de mundo do setor mineral impediu que os alertas da academia e do Ministério Público fossem levados a sério.
UGT - União Geral dos Trabalhadores