16/10/2018
No entanto, pesquisadora da PUC destaca que Artur Nogueira, Holambra e Morungaba oferecem vagas em setores de menor produtividade, que pagam menos às mulheres.
Maior parcela dos 2,8 milhões de habitantes da Região Metropolitana de Campinas (RMC), as mulheres só possuem tal representatividade no mercado de trabalho em três dos 20 municípios da área: Artur Nogueira, Holambra e Morungaba. No entanto, mesmo onde são maioria há um dado negativo. Segundo o Observatório da PUC-Campinas, as três cidades oferecem mais vagas para trabalhadoras em setores de menor produtividade e o salário é, em média, 25% do que é pago aos homens.
Dados da Relação Anual de Informações Sociais (Rais) do Ministério do Trabalho (MTb) mostram que as mulheres são 44,30% dos trabalhadores formais na RMC, apesar de representarem 51% da população. [veja quadro completo abaixo]
A pesquisadora Elaine Navarro Rosandiski, da PUC, destaca que os perfis de Artur Nogueira (SP), Holambra (SP) e Morungaba (SP), sem grandes parques industriais e com menor diversidade de oferta de trabalho, "favorecem" a empregabilidade das mulheres, mas com o viés negativo de que isso é feito porque elas recebem menos que os homens.
"É a dinâmica da contratação que determina isso. São setores de menor produtividade. Em Holambra, há grande peso de atividade agrícola e 48% das mulheres empregadas estão nessas atividades. Em Artur Nogueira, 25% das mulheres atuam em serviços de alojamento e alimentação. Já em Morungaba, metade da força de trabalho feminina também atua nessa área", conta.
Principais ocupações
Artur Nogueira
Mulheres
Alojamento, alimentação - 25%
Comércio varejista - 19%
Administração pública - 17%
Indústria têxtil - 11%
Agricultura - 7%
Homens
Comércio varejista - 20%
Alojamento, alimentação - 16%
Indústria têxtil - 8%
Indústria química - 8%
Agricultura - 8%
Holambra
Mulheres
Agricultura - 48%
Administração pública - 11%
Alojamento, alimentação - 7%
Comércio varejista - 7%
Alimentos e bebidas - 7%
Homens
Agricultura - 39%
Alimentos e bebidas - 11%
Comércio varejista - 8%
Comércio atacadista - 8%
Transporte e comunicações - 7%
Morungaba
Mulheres
Alojamento, alimentação - 44%
Indústria têxtil - 26%
Administração pública - 9%
Comércio varejista - 6%
Indústria química - 5%
Homens
Alojamento, alimentação - 20%
Indústria têxtil - 19%
Indústria química - 15%
Administração - 9%
Comércio varejista - 7%
Levantamento feito pela pesquisadora mostra as diferenças salariais nos setores com maior representatividade feminina nos três municípios. Ampla maioria na área de alojamento e comunicação em Artur Nogueira e Morungaba, as trabalhadoras desse setor recebem, em média, 80% do que é pago aos homens. [veja gráfico com diferenças salariais acima]
"A dinâmica para as mulheres é muito perversa. Nos segmentos em que têm maior participação absoluta, seus salários médios são menores. Com os homens, isto não se verifica. Em geral, recebem mais independentemente de sua participação absoluta. Isto significa, dentre outras coisas, que eles ocupam os melhores postos", ressalta Elaine.
Rais-MTb
Fonte: G1
UGT - União Geral dos Trabalhadores