22/03/2009
Gazeta Mercantil - 18/3
Brasileiro é o 3º mais empreendedor do G20
São Paulo, 18 de Março de 2009 - A taxa de empreendedorismo entre os brasileiros é de 12%, a terceira mais alta entre os países que participam do G20, conforme revelou pesquisa a Global Entrepreneurship Monitor (GEM), divulgada ontem. A pesquisa é desenvolvida em mais de 60 países e tem o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) entre seus parceiros há nove anos.
Segundo o economista Marcelo Neri, professor da Fundação Getulio Vargas (FGV), a capacidade empreendedora do brasileiro será um elemento central para superar os efeitos da crise financeira internacional no País. O brasileiro se acostumou com o fato de comer três vezes ao dia e não vai baixar o padrão de vida por conta de uma crise. Tudo leva a crer que as pessoas vão à luta para continuar consumindo", afirmou.
Para Neri, o Brasil está em posição privilegiada, porque já está acostumado com crise e sabe lidar com adversidades. "Nós vivemos de crise em crise e aprendemos a sair bem de situações difíceis. Somos como o Ayrton Senna [tricampeão mundial de automobilismo, morto em 1994]: corremos melhor na chuva."
Neri vê o empreendedorismo dos brasileiros como um colchão "que tem tudo para virar um trampolim". "Ainda são necessárias políticas sociais para pequenos empreendedores, como conceder crédito e educação, que é o passaporte para os novos mercados". Segundo o professor, o consumo de uma família de empreendedores cresce 28% depois da tomada do primeiro empréstimo. "O lucro aumenta em 35%", disse.
De acordo com a pesquisa GEM, 80% dos empreendedores são capazes de gerar renda e emprego
8% dos 12% de novos negócios surgem por oportunidade e 4%, por necessidade. Os números revelam ainda que 65% consideram que têm muita concorrência. "A partir daí sentimos que nosso maior desafio é estimular as pessoas a criar negócios inéditos", destacou o presidente do Sebrae, Paulo Okamoto.
A pesquisa mostrou ainda que 85% dos novos empreendedores não têm expectativas de exportação e 38% têm uma visão pessimista do negócio que estão iniciando. Apesar de não avaliar o nível de mortalidade das empresas, Okamoto ressaltou que 76% das empresas completam dois anos de vida. "O principal agora é capacitar esses empreendedores e a qualidade dos empreendimentos."
jovens no comando
A pesquisa revela ainda que 55% dos empreendedores do País têm entre 18 e 34 anos. Segundo o gerente da Unidade de Atendimento Individual do Sebrae em São Paulo, Ênio Pinto, isso se deve ao fato de os jovens terem mais disposição para correr riscos. "Os jovens estão no comando porque assumem a possibilidade concreta de riscos, muitas vezes por não terem tantas responsabilidades, como filhos e famílias formadas", disse.
Os jovens brasileiros estão em terceiro lugar (15%) entre os que mais empreendem no mundo, atrás apenas dos iranianos (29%) e jamaicanos (28%). A pesquisa indica também que os jovens empresários também ascenderam a um patamar qualitativo: "Eles estão identificando melhor os nichos de atuação e refletindo melhor como empreender", disse Ênio Pinto.
O levantamento mostra ainda que há igualdade de gênero entre os empreendedores: no ano passado, 44% eram mulheres. "A mulher se destaca, entre outras coisas, por ter sensibilidade para tratar o recurso humano, o que é uma característica fundamental para administrar um negócio."
Estado de S.Paulo - 18/3
Brasileiro empreende mais por opção, mas ainda é pouco inovador
O brasileiro é o terceiro povo mais empreendedor entre os membros do G-20 (formado pelos países mais ricos e principais emergentes). Com uma taxa média de empreendedorismo de 12,02% em 2008 - o que significa 12 empresários em estágio inicial a cada 100 pessoas economicamente ativas -, o País só ficou atrás de Argentina e México, com médias de 16,5% e 13,1%, respectivamente. No ranking geral de empreendedorismo da pesquisa Global Entrepreneurship Monitor (GEM), divulgada ontem, o Brasil está na 13ª posição, entre os 43 países avaliados.
A pesquisa GEM mostrou ainda que a qualidade do empreendedorismo praticado no País melhorou. Pela primeira vez desde 2000, quando o levantamento começou a ser realizado, a quantidade de pessoas que abrem um novo negócio por opção superou as que o fazem para sobreviver. Para cada brasileiro que empreende "por necessidade", há agora dois empreendedores "por oportunidade". "Esse indicador mostra um empreendedorismo de melhor qualidade", avalia Paulo Okamotto, presidente do Sebrae, que patrocinou o estudo. O Instituto Brasileiro da Qualidade e Produtividade (IBQP) foi o responsável pelo levantamento.
Apesar disso, os novos negócios brasileiros ainda são pouco inovadores. Segundo a pesquisa, apenas 3,3% dos empreendedores consideram seus produtos uma novidade no mercado. Cerca de 85% admitem que sua tecnologia é utilizada há mais de cinco anos. "A consequência disso é uma empresa com muita concorrência e baixo potencial de exportação", diz o gerente de atendimento do Sebrae, Enio Pinto.
Para Marcelo Néri, do Centro de Pesquisas Sociais da Fundação Getúlio Vargas (FGV), a taxa de empreendedorismo de 12%, alta na comparação com as demais 42 outras nações, não é sinônimo de geração de riqueza. Segundo ele, 33% da população pobre do País vive em famílias cujo provedor trabalha por conta própria. "Nossa cultura ainda é do emprego formal. Quando pode escolher, o brasileiro prefere a carteira assinada", acredita. Essa realidade pode se inverter, nos próximos anos, por causa dos efeitos da crise financeira. "Os pequenos negócios serão um amortecedor para a crise."
Outro destaque da pesquisa foi o crescimento no número de jovens em novos negócios, considerados entre 18 a 34 anos. Em 2008, eles responderam por 55,1% do número de empreendedores."
UGT - União Geral dos Trabalhadores