09/08/2018
A inflação se mantém baixa e está longe de ser uma preocupação, mas itens como energia elétrica e combustíveis seguem pesando no orçamento do consumidor, fazendo com que perdure a sensação de que a baixa inflação oficial não se reflete nos gastos do dia a dia.
Após a maior alta dos últimos 23 anos influenciada pelos efeitos da paralisação dos caminhoneiros, a inflação medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) desacelerou em julho.
A alta foi de apenas 0,33% em relação a junho, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Em 12 meses, os preços sobem 4,5%, bem acima da média em 12 meses registrada até maio, abaixo de 3%.
O consenso dos economistas, no entanto, é que a inflação deve perder força nos próximos meses e encerrar o ano mais próximo de 4,1%, em meio a um cenário de lenta recuperação do mercado de trabalho e grande ociosidade da produção, como aponta a MCM Consultores.
A despeito da trajetória mais contida da inflação cheia, os grupos de preços se comportam de modo diferente.
Enquanto os chamados preços livres (alimentos e vestuário, por exemplo) subiram 0,13% em julho, os administrados —aqueles estabelecidos por contrato ou por órgão público— avançaram 0,89%.
Em 12 meses, o descompasso é ainda maior: os livres sobem 2,2% e os administrados, 11,4%. Os pesos dados a cada grupo explicam o resultado final.
Como ficou claro nos protestos de maio, a maior contribuição para a alta dos administrados veio dos combustíveis. Em 12 meses, a gasolina subiu 28,4%, respondendo por mais de 40% da alta dos administrados. Também entre os itens que mais subiram, a energia elétrica avançou 18% no período.
Na outra ponta, o grupo alimentação caiu 0,12% em julho e, em 12 meses, tem leve alta de 1,4%. Vilões de outrora, como o tomate, caem mais de 23% no período.
Para Flávio Serrano, do Banco Haitong, a queda dos alimentos é importante porque o grupo tem um peso maior na cesta dos mais pobres.
Segundo o IBGE, o INPC (índice que calcula a inflação para famílias que ganham até cinco salários mínimos) sobe 3,6% em 12 meses, abaixo, portanto do IPCA.
“Parte da população vê que a gasolina ficou mais cara, mas não que o supermercado ficou mais barato. Apesar dessa sensação, estamos gastando menos”, diz Serrano.
Fonte: Estadão
UGT - União Geral dos Trabalhadores