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Canindé Pegado

Informações oficiais do Palácio do Planalto dão conta de que pelo menos 100 mil mutuários do SFH (Sistema Financeiro da Habitação) chegarão neste ano ao final do contrato de compra da casa própria sem conseguir quitar o imóvel. Ou seja, o cidadão que comprou sua casa própria em 1989 comprometendo-se a pagar em 20 anos, chega ao final do contrato e não receberá escritura definitiva porque ainda têm débitos a serem quitados. Isso vale para aqueles que não são beneficiados pelo FCVS( Fundo de Compensação de Variações Salariais). Pelo menos é o que consta levantamento feito pelo Ibedec (Instituto Brasileiro de Estudo e Defesa das Relações de Consumo).

O comprador assina um contrato de financiamento por 20anos, paga com sacrifício as prestações e, quando vislumbra aquela esperança de poder gritar bem alto livre das prestações", eis que o Sistema Financeiro cobra um novo saldo correspondente a correção do saldo devedor devido a inflação. Pode até ser legal, mas acho imoral. Até porque, não foram esses mutuários do SFH que inventaram ou criaram essa maléfica inflação. Muito pelo contrário, eles também são vítimas e não podem pagar por uma falha da economia.

É bom que se esclareça de que o governo não dá casa para ninguém. Constrói, mas quem for morar terá que arcar com o pagamento de seu custo através de mensalidades que variam conforme seu rendimento. Alguns conseguem cumprir o compromisso até o fim do contrato. Outros ficam inadimplentes e perdem seus imóveis.

Um exemplo citado pelo próprio Ibedec aponta que uma aposentada e o marido pagaram as prestações em dia durante 20 anos. No entanto, depois da última parcela de R$ 600, em setembro do ano passado, o contrato foi automaticamente prorrogado e a prestação saltou para quase R$ 5,8 mil mensais. Depois de vinte anos pagando, o mutuário se surpreende ao ver que o saldo devedor é de R$ 400 mil ou seja,quase o mesmo valor da venda do imóvel (R$450 mil) ocorrida há vinte anos.

Resumindo: cidadão compra um imóvel e tem que pagar o valor de dois. Isso no mínimo é uma imoralidade.

(Canindé Pegado é Secretário Nacional da UGT - União Geral dos Trabalhadores)"