20/06/2018
A alemã Volkswagen e a norte-americana Ford anunciaram nesta terça-feira, 19, uma “aliança estratégica” global para reforçar a competitividade de ambas. De acordo com comunicado conjunto, as montadoras analisam, entre outras iniciativas, uma união para desenvolver uma linha de veículos comerciais.
Entre as possibilidades estão projetos de novas vans, segmento em que a Volkswagen é forte na Europa, e picapes de grande porte, mercado dominado pela Ford nos Estados Unidos.
As companhias afirmaram que a aliança não envolve aportes financeiros nem troca de ações, mas não deram detalhes. Não há informações também sobre os países em que a parceria poderá ser efetivada. No Brasil, as duas empresas também informaram que detalhes sobre possível impactos no País só poderão ser avaliados futuramente.
Thomas Sedran, diretor de estratégia do grupo Volkswagen, ressaltou que as demandas do mercado e dos clientes estão se modificando a uma velocidade “incrível” e que ambas as empresas já têm posições fortes e complementares em diferentes segmentos de veículos comerciais.
“Para se adaptarem a um ambiente desafiador, é da mais alta importância ganhar flexibilidade por meio de alianças. A potencial colaboração industrial com a Ford é vista como uma oportunidade para melhorar a competitividade global das duas companhias”, afirmou, em nota.
Jim Farley, presidente de Mercados Globais da Ford, disse que a empresa “está empenhada em melhorar nossa qualificação como negócio e alavancar modelos de negócios adaptativos, que incluem trabalhar com parceiros para melhorar nossa efetividade e eficiência”.
Segundo Farley, “essa potencial aliança com o Grupo Volkswagen é mais um exemplo de como podemos nos tornar mais ajustados como negócio, criando ao mesmo tempo um portfólio global de produtos vencedores e expandindo nossas capacidades”.
As duas marcas já estiveram unidas na Autolatina, joint venture que operou no Brasil e na Argentina de 1987 a 1996, mas, nesse caso, é uma parceria mundial que envolve apenas desenvolvimento de produtos.
Várias montadoras anunciaram parcerias nos últimos meses, a maioria relacionadas a projetos de veículos autônomos e elétricos. A mais recente delas, divulgada na semana passada, é entre a General Motors e a Honda para o desenvolvimento de baterias para carros elétricos.
Desafios. Além da mudança global que a indústria automobilística enfrenta diante dos novos desafios da mobilidade, Volkswagen e Ford têm desafios particulares a serem resolvidos por suas matrizes.
A marca alemã lida com ações judiciais em razão de fraudes nos testes de emissões de poluentes por veículos a diesel, caso conhecido como “dieselgate”, que resultou em pesadas multas para o grupo, além da prisão, na segunda-feira, do presidente da Audi.
A Ford anunciou recentemente que deve deixar de vender os sedãs Fiesta, Focus e Fusion nos EUA nos próximos anos, movimento que, futuramente, poderá chegar ao Brasil. A intenção é focar em utilitários-esportivos – os chamados SUVs, segmento que mais cresce em vendas globalmente –, e em picapes, para melhorar sua lucratividade.
Para lembrar. Volkswagen e Ford uniram operações no Brasil e na Argentina entre 1987 e 1996 na empresa batizada de Autolatina. A marca alemã detinha 51% das ações e a americana, 49%. A fusão envolveu unificação de plataformas de produção que geraram carros praticamente iguais, apenas com nomes diferentes. A estratégia, segundo analistas, desagradou os consumidores. Hoje, isoladas, a Volkswagen é a segunda marca que mais vende carros no País e a Ford a quarta.
Fonte: Estadão
UGT - União Geral dos Trabalhadores