11/06/2018
Sete de cada dez brasileiros avaliam que a paralisação dos caminhoneiros trouxe mais prejuízos do que benefícios ao país e dizem que o governo deve controlar o preço dos combustíveis e do gás de cozinha mesmo que isso resulte em prejuízo à Petrobras.
Pesquisa do Datafolha feita nos dias 6 e 7 deste mês mostra que 68% da população é contrária à atual política de reajuste de combustíveis adotada pela estatal, que atrela os valores à variação internacional do barril de petróleo e à cotação do dólar.
Para esse contingente, “o governo deve controlar a Petrobras e baixar os preços dos combustíveis e do gás, mesmo que possa ter prejuízo”. Apenas 26% acham que “o governo deve deixar a Petrobras livre para definir o preço dos seus produtos e buscar lucro como outras empresas”, postura atualmente adotada.
A defesa da mudança na política de reajuste levou à saída do presidente da estatal, Pedro Parente. Apesar de a nova gestão dizer que manterá a política, o governo pressionou a Agência Nacional do Petróleo a abrir negociações para acabar com a possibilidade de reajustes diários e adotar uma fórmula de baratear a gasolina e o botijão de gás.
Pouco depois de Michel Temer assumir o cargo, em 2016, e sob a batuta de Parente, a Petrobras mudou o modo de definição do preço dos combustíveis adotado no governo de Dilma Rousseff, com combustíveis subsidiados.
Em julho de 2017, a empresa passou a realizar ajustes nos preços a qualquer momento, inclusive diariamente. A política contribuiu para que a estatal saísse de um quadro deficitário para o azul —teve lucro líquido de R$ 7 bilhões no primeiro trimestre de 2018.
Nesse período, porém, o preço médio do litro da gasolina pulou de R$ 3,66 para R$ 4,31, o do diesel foi de R$ 3 para R$ 3,63 e o gás de cozinha subiu de R$ 55 para R$ 67.
No dia 29, o Datafolha fez uma pesquisa por telefone sobre a paralisação dos caminhoneiros. A mesma pergunta, sobre prejuízos e benefícios do movimento, havia registrado 56% na pesquisa anterior a qual, por ter sido feita por telefone, não é imediatamente comparável com esta de junho.
A pergunta sobre apoio ao movimento, que na pesquisa de maio havia indicado 87% de aprovação, não foi feita agora. Naquela ocasião, 56% diziam que a paralisação deveria prosseguir, apesar de a grande maioria também ter se mostrado contra pagar a conta da redução do diesel —87%.
A atual pesquisa do Datafolha mostra que 69% dos entrevistados dizem que a paralisação trouxe mais prejuízos do que benefícios para a população —só 20% apontam o inverso, afirmando terem visto mais ganhos do que perdas.
A paralisação foi encerrada no dia 31 de maio devido a um acordo entre governo e caminhoneiros. Pontos dessa negociação, porém, como a adoção de preço mínimo para o frete, causaram incertezas jurídicas, reclamações em outros setores e estão sendo revistos em parte.
Apesar da redução do diesel, o preço da gasolina nas bombas tem se mostrado mais alto do que antes do movimento, além de a crise de desabastecimento de gás perdurar.
Em resposta a outra pergunta do Datafolha, a maioria dos entrevistados, 54%, disse considerar que a paralisção foi um movimento dos trabalhadores, contra 30% que a atribuem a empresários e 11%, a ambos.
Por ordem do governo, a Polícia Federal abriu inquéritos para apurar se houve locaute —incentivo de empresas à paralisação—, o que é proibido.
Fonte: Folha de S.Paulo
UGT - União Geral dos Trabalhadores