05/06/2018
Após meses buscando uma saída para sua operação no País, o Walmart anunciou ontem a venda de 80% dos seus negócios no Brasil para o Advent International, fundo americano de private equity, que compra participações em empresas. A varejista americana continuará com os 20% restantes depois da conclusão da operação, que está sujeita à aprovação regulatória.
A maior varejista do mundo vem buscando alavancar suas operações fora dos Estados Unidos, recuando em mercados de crescimento mais lento e investindo em lugares como China e Índia. O Brasil foi por uma década foco de expansão, mas a unidade perdeu força nos últimos anos com problemas operacionais combinados com os efeitos de uma forte recessão.
Em comunicado conjunto, as empresas não revelaram valores. O Walmart informou apenas que espera registrar com a transação uma perda líquida em seu balanço no segundo trimestre de US$ 4,5 bilhões, sem efeito no caixa da empresa.
Duas pessoas envolvidas no acordo afirmaram à Reuters que o custo é próximo do valor da unidade brasileira nos registros do Walmart, o que significa que o valor do negócio é perto de zero. Depois, o porta-voz do Walmart Randy Hargrove afirmou que a varejista não vai receber pagamento pela operação, mas que pode embolsar até US$ 250 milhões da Advent no futuro, a depender do desempenho da unidade.
A venda pode dar um novo rumo para a operação da rede americana no País. Terceira maior no mercado brasileiro, atrás do Grupo Pão de Açúcar e do Carrefour, o Walmart reportou por sete anos seguidos prejuízo operacional. Presente no País desde 1995, uma expansão agressiva deixou a empresa com locações fracas e operações ineficientes. Hoje, o grupo tem hoje 438 lojas em 18 estados, com 55 mil funcionários. Em 2017, as vendas totais da empresa somaram R$ 28,2 bilhões, segundo dados da Associação Brasileira de Supermercados (Abras).
“Acreditamos que, com nosso conhecimento do mercado local e expertise em varejo, poderemos posicionar a empresa para gerar resultados expressivos”, afirmou em nota Patrice Etlin, sócio da Advent no País.
Segundo fonte próxima às conversas, esse será o maior negócio global em faturamento da Advent. O objetivo é aproximar a gestão da rede à realidade brasileira. A política de preço baixo, que nunca funcionou no Brasil, deve ser deixada de lado. Entre as apostas, está o investimento no atacarejo e no clube de compras da rede, o Sam’s Club.
Fonte: Estadão
UGT - União Geral dos Trabalhadores