04/06/2018
As maiores distribuidoras de combustíveis vão discutir hoje com o governo o impacto da greve dos caminhoneiros, que durou dez dias e deixou milhares de postos secos. O balanço da crise será feito por teleconferência entre a Plural, entidade que reúne a BR (da Petrobrás), Raízen (joint venture de Cosan e Shell) e Ipiranga (do Ultra), representantes do Ministério de Minas e Energia e da Agência Nacional de Petróleo e Biocombustíveis (ANP).
Pressionadas pelo governo, que determinou a redução de R$ 0,46 do litro do diesel nas bombas, as distribuidoras tentam negociar mais prazo para que o repasse integral seja feito. Para Leonardo Gadotti, presidente executivo da Plural, é preciso mais 15 dias para que todos os Estados se ajustem, lembrando que a cobrança da alíquota de ICMS varia em cada Estado (de 12% a 18%).
Na semana passada, a Plural alegou que a redução integral nas bombas seria de R$ 0,41, uma vez que o governo não colocou na conta os 10% de mistura de biodiesel que são misturados ao diesel. O argumento da entidade é que o biodiesel não teve os impostos reduzidos.
A declaração criou um mal-estar com os produtores do biocombustível. Ao Estado, Erasmo Carlos Battistella, presidente da Associação dos Produtores de Biodiesel do Brasil (Aprobio), disse que o setor não é “empecilho para que o repasse integral seja feito”, alegando que o ICMS incide sobre o preço final do produto. Gadotti afirmou que as declarações não tinham como alvo responsabilizar os produtores de biodiesel por essa diferença no valor final e que o setor apoia os biocombustíveis.
ANP. Tanto as distribuidoras de combustíveis como a Aprobio estão preocupadas com a possibilidade de a ANP não revogar a decisão emergencial adotada durante a greve dos caminhoneiros. A agência flexibilizou a mistura de etanol na gasolina (de 27% para 18%) e a do biodiesel no diesel (de 10% para zero) com o objetivo de evitar o desabastecimento. A agência também suspendeu a exigência de que postos comprem combustíveis de suas respectivas distribuidoras.
O setor de biodiesel tem sua expansão respaldada na mistura do produto ao combustível fóssil. Em 2017, a produção foi de 4,3 bilhões de litros – este ano deve atingir 5,4 bilhões de litros. O setor faturou R$ 9,9 bilhões.
Estoques. As distribuidoras de combustíveis preveem que o abastecimento esteja normalizado em todo o País até o fim de semana, incluindo a reposição de estoques. De acordo com Leonardo Gadotti, presidente da Plural, que reúne a BR, Raízen e Ipiranga, praticamente todos os postos foram reabastecidos, mas nem todos estão com armazenamento extra.
Esses estoques, segundo ele, serão recompostos nos próximos dias. A Plural representa 25 mil postos de um total de 40 mil no País.
“Conseguimos responder rápido à crise e estamos atendendo as nossas bases de distribuição (carregamento) de Norte a Sul do País”, afirmou o executivo.
Bombas secas. Nem todos os postos de combustíveis da região metropolitana de São Paulo estão com combustíveis, segundo o presidente do Sindicato de Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Estado de São Paulo (Sincopetro), José Alberto Gouveia.
“Muitos dos postos que recebem combustíveis secam rápido. A demanda tem sido grande. Nem todos estão com estoques suficientes.” A expectativa é de que a situação se normalize nos próximos dias. Há 2,9 mil postos na capital e Grande São Paulo.
Fonte: Estadão
UGT - União Geral dos Trabalhadores