14/05/2018
O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) registrou lucro líquido de R$ 2,064 bilhões no primeiro trimestre, alta de 453,4% com relação ao mesmo período do ano anterior.
A melhora foi causada pela redução de provisões contra calote e pelo resultado de participações societárias.
No primeiro trimestre de 2017, o BNDES havia separado como provisão para risco de calotes R$ 3,316 bilhões, alegando incertezas com relação ao cenário econômico brasileiro. Agora, reverteu R$ 361 milhões em provisões, o que garantiu um resultado positivo de R$ 3,677 bilhões nessa conta.
Em entrevista para detalhar o balanço, o superintendente de gestão de riscos do banco, Maurício Chacur, disse que a reversão reflete expectativas de melhora da economia, que deve favorecer a saúde financeira das empresas que tomaram recursos.
No trimestre, porém, o banco viu aumentar o indicador de inadimplência com mais de 30 dias, que passou de 2,12% em dezembro para 2,24% em março. Mais da metade desse valor corresponde a dívidas garantidas pela União - principalmente do governo do Rio. Sem elas, o indicador seria de 0,98%.
As participações societárias do BNDES se valorizaram no trimestre, contribuindo para a melhora no resultado. O valor da carteira de ações do banco saltou 18% entre dezembro e março, passando de R$ 80 bilhões para R$ 94,3 bilhões.
A venda de ações da Petrobras no trimestre também contribuiu, somando R$ 831 milhões ao resultado do BNDESPar, o braço de participações do banco de fomento. No trimestre, a fatia do BNDES no capital da estatal caiu de 16,54% para 15,98%.
A redução respeita a determinação do Banco Central de 2015 que limita a 25% a exposição dos bancos a apenas um cliente. O BNDES tem um prazo até 2024 para se adequar à norma, mas diz que já conseguiu praticamente zerar o excesso de exposição que tinha com a petroleira.
PRÉ-PAGAMENTOS
O produto da intermediação financeira, que considera os ganhos da carteira de empréstimos do banco, permanece em queda, reflexo de um volume maior de pagamentos antecipados de dívidas e da queda na concessão de novos empréstimos. No primeiro trimestre, foi de R$ 2,566 bilhões, 43% a menos do que no mesmo período do ano anterior.
O diretor financeiro do BNDES, Carlos Thadeu de Freitas, diz que as empresas têm preferido pagar valores contratados em TJLP em busca de oportunidades de financiamento mais baratas diante da queda dos juros ou pela TLP, a nova taxa, que segue os juros de mercado.
"Quem tinha dívida em TJLP está trocando por TLP ou outro instrumento de mercado", afirmou. Em quatro meses, o BNDES recebeu R$ 12 bilhões em pagamento antecipado de dívidas.
O banco prepara-se para devolver ao Tesouro R$ 100 bilhões em empréstimos tomados para conceder financiamentos a juros subsidiados. Freitas diz que não há dificuldades de caixa para concluir a devolução.
Ele afirmou ainda que a expectativa é que não seja necessária a devolução de R$ 13 bilhões ao FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador) este ano, diante da redução dos gastos com seguro-desemprego no país. A devolução começou a ser negociada em 2017.
Fonte: Folha de SP
UGT - União Geral dos Trabalhadores