18/04/2018
Os preços do etanol e do gás de cozinha têm registrado queda nas usinas e refinarias, mas o consumidor ainda não foi beneficiado, segundo levantamento semanal feito pela ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis).
A queda do etanol completa quatro semanas seguidas e soma 20%, de acordo com o Cepea (Centro de Pesquisa Econômica Aplicada) ligado à USP (Universidade de São Paulo). Na semana passada, saiu das usinas paulistas, em média, a R$ 1,521 por litro, contra R$ 1,902 da semana encerrada em 16 de março.
Nas bombas, porém, o preço do etanol hidratado ficou praticamente estável, caindo apenas 0,4% --de R$ 3,032 para R$ 3,019 por litro.
Em São Paulo, a variação foi um pouco maior (queda de 1,4%), mas longe do percentual verificado nas usinas.
A queda no preço do reflete o início da colheita de cana-de-açúcar da safra 2017-2018. O anidro, que é misturado à gasolina, também ficou mais barato, mas em menor ritmo: a queda em quatro semanas é de 12,3%.
Os dados da ANP mostram que tanto distribuidoras quanto postos seguram o repasse. O preço praticado pelo segmento de distribuição caiu apenas 3,2% no período. As margens de lucro dos postos subiram 23,5%. "A cadeia de comercialização não está transmitindo a queda", diz o presidente da Datagro, Plinio Nastari, especialista no setor.
Para o diretor da comercializadora Bioagência, Tarcilo Rodrigues, os preços na bomba devem cair nos próximos dias. Segundo ele, parte do varejo tem estoques adquiridos a valores mais altos e segura os preços para evitar eventuais prejuízos.
"Esse é um momento cruel para as distribuidoras", disse, referindo-se ao fato de que os preços do etanol despencam no início da colheita
BOTIJÃO
No caso do gás de cozinha, as distribuidoras são as principais responsáveis pela falta de repasses, indica levantamento da ANP. Com dois cortes promovidos pela Petrobras, o preço do produto nas refinarias acumula queda de 9,2% no ano. Nesse período, porém, o preço médio do botijão de 13 quilos ficou praticamente estável, com queda de apenas 0,3%. Na semana passada, o botijão no país custava R$ 66,87.
Os dados da ANP mostram que o segmento de distribuição aumentou os preços em 1,5% no período. Já a revenda apertou margens de lucro.
Em janeiro, os reajustes no preço do botijão passaram a ser trimestrais. A decisão foi tomada pela Petrobras após da forte alta em 2017, quando a empresa passou a fazer reajustes mensais - entre o fim de maio e a última semana de dezembro, o preço ao consumidor subiu 18,2%.
Quatro empresas --Ultragaz, Liquigás, SHV e Nacional Gás Butano-- concentram 85% das vendas de GLP (o gás de cozinha) no país. A concentração levou o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) a barrar, em fevereiro, negócio de R$ 2,8 bilhões envolvendo Petrobras e grupo Ultra, que controlam as duas maiores empresas do setor.
Fonte: Folha de SP
UGT - União Geral dos Trabalhadores