02/04/2018
Os trilhos por onde passaram vagões carregados de café no começo do século 20, na divisa entre os estados do Rio e Minas, já estão quase prontos para receber passageiros. No segundo semestre, está prevista a inauguração do trem turístico que vai ligar as cidades de Três Rios (RJ) e Cataguases (MG).
Com 168 quilômetros, o trajeto vai cortar o município fluminense de Sapucaia e os mineiros de Leopoldina, Recreio, Volta Grande, Chiador e Além Paraíba. Da janela do trem, os turistas poderão ver o lago do complexo hidrelétrico de Simplício, controlado por Furnas, além de rios, morros e fazendas.
Os passeios serão realizados às sextas, sábados, domingos e feriados. Os preços e horários ainda não foram definidos, mas as partidas vão acontecer pela manhã.
Serão duas locomotivas —no total, 15 vagões com capacidade para 860 passageiros. Uma sairá de Três Rios, e a outra, de Cataguases. Em Além Paraíba, elas se encontrarão.
Lá, o turista terá a opção de voltar à cidade de origem no mesmo trem ou fazer uma troca para completar percurso, com seis horas de viagem.
“É uma ferrovia que não tem mais viabilidade para o transporte de carga, mas tem um potencial grande para o turismo”, diz Paulo Henrique do Nascimento, presidente da ONG Amigos do Trem, responsável pelo projeto.
Em 2015, a linha, que à época fazia o transporte de bauxita, foi desativada. Desde então, a entidade tenta viabilizar o trem turístico.
A organização conseguiu o apoio da concessionária da ferrovia, das prefeituras locais e de um empresário da região, que financiou a compra e a reforma dos vagões.
Em 11 de abril, o trem reformado será exibido pela primeira vez em Sapucaia em um evento para o lançamento do mapa turístico da cidade. Entre os pontos destacados está a estação, inaugurada em 1871.“O trem foi fundamental para a economia local”, diz Plínio Alvim, pesquisador da história da zona da mata mineira e morador de Além Paraíba.
Em 1871, a ferrovia D. Pedro 2º chegou à cidade e, em 1874, entrou em operação a estrada de ferro Leopoldina. A inauguração, em 8 de outubro, teve a presença do imperador. Em 1877, a linha alcançou Cataguases.
Até então, o café produzido na região era transportado no lombo de burros até a baía de Guanabara.
Ao longo do tempo, pequenas ferrovias passaram a fazer conexão com a Leopoldina. A malha ultrapassou os três mil quilômetros sob o controle de uma empresa britânica em 1931. “Foi seu apogeu”, diz Antonio Soukef Junior, professor de arquitetura do Centro Universitário FIAM-FAAM e autor do livro “Leopoldina Railway”.
Para Alvim, o trem turístico ajuda a relembrar a história ferroviária, mas faz ressalvas. “Pode ser um estímulo para o desenvolvimento da região, mas ainda falta estrutura para receber os turistas.”
Fonte: Folha de S.Paulo
UGT - União Geral dos Trabalhadores