20/03/2018
A luta de Valdevan Noventa à frente do SINDMOTORISTAS (entidade filiada à UGT) tem se tornado referência em todo Brasil, principalmente, após o sindicato ter conseguido garantir na justiça a manutenção do emprego de 19 mil cobradores.
A profissão tem sido extinta por conta da tecnologia implantada no sistema e, no que depender de Noventa, os trabalhadores continuarão onde estão. Afinal, ele tem se mantido firme, colocando a questão como uma das suas prioridades. “Não há licitação ou argumentos que vençam a mobilização da categoria pela manutenção do emprego dos cobradores”, enfatiza.
São Paulo é uma das poucas cidades do país que conta com cobradores dentro dos veículos. Em Belo Horizonte, por exemplo, 36 linhas de ônibus vão circular sem cobrador. Assim como, Goiânia (GO), Santos (SP), Campinas (SP), Sorocaba (SP), Osasco (SP), Campo Grande (MS), São José dos Pinhais (PR) e outras diversas cidades do estado de São Paulo também já não contam com um responsável pela cobrança de passagens, e ao contrário do posicionamento das administrações municipais, a ausência dos trabalhadores não gerou um cenário tão positivo, conforme o esperado.
MOTORISTAS SOBRECARREGADOS
Uma sobrecarga ainda maior aos motoristas é um dos principais problemas contatados. “Os motoristas passaram a ter múltiplas funções, como receber o pagamento em dinheiro de passageiros sem bilhete, tirar dúvidas sobre o trajeto e ainda auxiliar gestantes, idosos e deficientes físicos e subir e descer dos veículos”, explica Noventa.
Para ele, a redução de custos como justificativa também é incerta. Isso porque seriam necessários investimentos em adaptações do sistema, incluindo coletivos mais acessíveis às pessoas com mobilidade reduzida ou métodos eficientes de cobranças alternativas ao bilhete único. Claro, que tudo isso pode ser deixado de lado se a intenção foi apenas empurrar uma medida ‘goela abaixo’, aumentando os índices de desemprego e precarizando o atendimento à população. Diante dos fatos, Noventa permanece firme quando se trata do assunto, sempre mostrando descontentamento com as cidades que abriram mão do cobrador, sem ir à luta.
“Não há argumentos que nos convençam de que teremos um sistema de transporte mais eficiente ou de que a presença do cobrador é desnecessária. Em uma cidade como São Paulo, na qual milhares de pessoas sobem e descem dos ônibus todos os dias, é essencial termos um segundo homem dentro dos coletivos. Os recentes casos de assédio mostraram isso. Motoristas e cobradores atuaram juntos para evitar o pior. É uma pena que outras cidades não tenham esse pensamento, mas tenho certeza de que hoje sofrem com o ônus de ter aceitado essa proposta absurda”, afirmou Valdevan Noventa.
LICITAÇÃO DOS TRANSPORTES
Com a chegada de mais uma campanha salarial e a existência de uma licitação do transporte em andamento, o assunto deve vir à tona novamente. No entanto, o Sindicato já está preparado. No mês passado, João Dória mencionou a possibilidade de extinguir os cobradores. “No que depender do Sindicato, não haverá redução da frota e, muito menos, retirada de trabalhadores dos coletivos. Enquanto eu estiver à frente do SINDMOTORISTAS, São Paulo seguirá com os cobradores, nem que seja a única cidade a manter a função”, completou.
UGT - União Geral dos Trabalhadores