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Mais um ano letivo tupiniquim


04/02/2009



Canindé Pegado

Nesta primeira quinzena de fevereiro as escolas, de todos os níveis do Brasil, reabrem suas portas para receberem alunos para mais um período letivo. Mas nem sempre, o número de salas de aulas corresponde com a demanda, deixando muitas crianças e jovens sem o direito de acesso aos bancos escolares. Entra governo, sai governo, a situação sempre é a mesma. Isso força as famílias a recorrerem ao ensino pago o que lhes acarreta ônus no orçamento doméstico. Mas isso não é regra, porque nem todos tem recursos financeiros suficientes para bancar os estudos de seus filhos e filhas.

Interessante que o governo anuncia que o número de universitários aumentou em 4,3% em 2007 em comparação ao mesmo período do ano anterior. Os números do MEC indicam que 4.880.381 alunos faziam cursos de graduação presenciais em uma das 2.281 instituições de ensino superior (IES) do Brasil. Mesmo com esse crescimento, o governo admite estar aquém da meta estabelecida para até 2011 onde se pretende atingir 30% da população com curso superior. Diz o estudo que muitas pessoas não chegam nas universidades por não terem sequer terminado o ensino médio, o que não é nenhuma novidade.

Qualquer leigo sabe que para se chegar a uma universidade o aluno deve percorrer um longo caminho, que se inicia no próprio lar, passando por creche, pré-primário e por ai a fora, culminando com o preparo para o vestibular, num cursinho especializado. Nesse percurso todo, o jovem brasileiro se depara, muitas vezes, com escolas sem as mínimas condições de prepará-lo para sua vida acadêmica. Sem falar no corpo docente, onde grande parte dos professores não tem o devido preparo para atividade. Aliás, em qualquer país desenvolvido, o professor deve ter um único emprego para poder, quando não estiver na sala de aula se preparar para as aulas futuras e conviver com a família. Mas, infelizmente, no Brasil isso é uma utopia quando vemos uma professora lecionar em dois ou mais períodos, para poder sobreviver.

Se no percurso entre os ensinos médios e universitário, o aluno encontra uma infinidade de obstáculos, imaginem então depois de formado, para iniciar sua carreira profissional. Tem dificuldade para estágios e até mesmo emprego no mercado de trabalho que, se já não andava bem, imaginem agora com a crise econômica mundial. Sem se esquecer daqueles milhares de acadêmicos que nem sabem para que se formaram e porque se formaram. Frequentaram uma faculdade mais para agradar aos país ou por modernismo. Sem pelo menos passarem por testes vocacionais.

Resumindo: a educação no Brasil está longe de ser a educação que os brasileiros tanto necessitam. Quem pode procura fora: Estados Unidos, Alemanha, Suíça, Japão etc. Para quem não pode, resta conviver com mais um Ano Letivo Tupiniquim".

(Canindé Pegado é Secretário Nacional da União Geral dos Trabalhadores-UGT)."


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