26/02/2018
O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, afirmou que a autoridade monetária trabalha para reduzir distorções no mercado de cartão de crédito e os custos do sistema, mas ressaltou que não há planos para se acabar com o parcelamento sem juros no cartão, como chegou a ser noticiado. "O consumidor precisa saber que o parcelamento tem juros, nada é de graça", disse ao responder perguntas de empresários em evento da Câmara Espanhola de Comércio no Brasil.
"Estamos tentando mexer no sistema para eliminar distorções", disse Ilan. Na apresentação ele ressaltou que o BC quer estimular o uso de meios eletrônicos de pagamentos, como o cartão, para substituir o papel moeda. O meio é mais eficiente e ajuda a evitar problemas como a lavagem de dinheiro, segundo ele.
A discussão sobre o fim do parcelamento sem juros no pagamento com cartão de crédito é um embate entre lojistas e administradoras de cartão de crédito. Hoje a opção de parcelar sem alteração do preço ofertado pelo produto ou serviço, e o prazo para pagamento, são definidos pelo lojista que recebe a primeira parcela após 30 dias, e o consumidor vai pagando as parcelas no cartão. O setor quer antecipar esse prazo para até 5 dias.
Ao falar da necessidade de financiamento de longo prazo, Ilan mencionou que inflação baixa e estabilidade macroeconômica são um "insumo" importante para permitir que este mercado se desenvolva. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) vai continuar tendo seu papel, mas o mercado de capitais deve ganhar peso como financiador para projetos de infraestrutura, disse ele.
Embate. Segundo apurou a Coluna do Broadcast, a mudança no parcelado sem juros divide setor de cartões. As empresas ligadas aos maiores bancos, representadas principalmente pela Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs), defendem o “novo crediário” como proposta ao Banco Central para pagar os lojistas em menos dias, tirando o Brasil da condição de único mercado em que o varejo só recebe o pagamento com cartão de crédito após 30 dias.
Enquanto isso, os novos adquirentes, que formam a Associação Brasileira das Instituições de Pagamento (Abipag), têm na antecipação de recebíveis sua principal fonte de receitas. Se o novo crediário pegar, isso vai para o espaço, porque já nascerá no formato de até D+5 – ou seja, pagamento ao estabelecimento em até cinco dias -, contra o atual D+30 praticado pelo setor como um todo.
Fonte: Estadão
UGT - União Geral dos Trabalhadores