16/02/2018
A alternativa ao parcelamento sem juros estudada pelo setor de cartões prevê a adoção de taxas diferenciadas de acordo com o perfil de risco do cliente, segundo executivos que participam das conversas sobre o assunto com o Banco Central.
O crediário, a proposta dos emissores de cartões para concorrer com o parcelado sem juros, seria uma linha de financiamento ao consumo com o uso do cartão.
Os emissores dos cartões utilizariam seus próprios modelos de avaliação de risco e o histórico que possuem do consumidor para estabelecer a taxa oferecida no crediário.
Pessoas com bom histórico de pagamento teriam juros menores, enquanto maus pagadores poderiam pagar mais no parcelamento mensal. O lojista não participaria dessa análise de crédito.
Segundo fontes que participam das discussões, as empresas trabalham com um juro de cerca de 3% ao mês, semelhante ao do crédito consignado. É também próximo da taxa cobrada pelos adquirentes (donos de maquininhas de pagamento) para realizar as operações.
A decisão de tomar o crediário --com mais prazo para pagar-- ou optar pelo parcelamento sem juros ficaria a critério do cliente. O setor já estaria trabalhando em uma infraestrutura que permitiria que, na hora do pagamento, o consumidor conseguisse comparar qual a melhor alternativa, com simulações que incluiriam os cenários com e sem juros e prazos diferentes.
LOJISTAS
Outro item da proposta em discussão é a antecipação do prazo para pagamento aos lojistas. Hoje, eles recebem em 30 dias. A ideia é reduzir para um prazo entre dois e cinco dias --ainda não está fechado.
Na prática, isso impactaria a linha de antecipação de recebíveis, usada por lojistas como capital de giro. Muitos adquirentes também antecipam esse crédito para o comércio. A redução dessa receita poderia ter efeito negativo principalmente sobre os menores participantes do mercado.
O setor defende que a diminuição de custo que o lojista teria ao não precisar recorrer a uma linha de antecipação de recebíveis seria repassada ao consumidor sob a forma de desconto na compra.
É parecido com o que o que se tentou fazer com uma lei aprovada no ano passado e que previa a diferenciação de preços conforme o meio de pagamento utilizado pelo cliente --e que acabou não acontecendo no dia a dia.
A proposta de criar uma alternativa ao parcelado sem juros busca corrigir o que o setor considera "desequilíbrios" no sistema de pagamentos. É uma forma também de distribuir melhor os custos da inadimplência com outros participantes do mercado, como bancos e os próprios lojistas.
Fonte: Folha de SP
UGT - União Geral dos Trabalhadores