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Pesquisa sobre câncer ganha rede


04/03/2009

Em 2005, de acordo com estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS), o câncer foi responsável por cerca de 13% de todas as mortes ocorridas no mundo. No Brasil, a previsão para 2009 é de aproximadamente 465 mil novos casos da doença.

Com objetivo de contribuir para a reversão desse quadro, foi lançada nesta terça-feira (3/3), em São Paulo, a Rede Brasileira de Pesquisas sobre o Câncer, uma iniciativa conjunta dos ministérios da Ciência e Tecnologia e da Saúde articulada desde o fim de 2008 para unir grupos de pesquisa que desenvolvem estudos sobre câncer de maneira isolada.

O lançamento ocorre pelo fato de o câncer representar a segunda causa de morte no Brasil, atrás apenas das doenças cardiovasculares. E essa alta prevalência tende a ser cada vez maior, acompanhando o aumento da percentagem de idosos na população brasileira", disse Marco Antonio Zago, presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), na cerimônia de lançamento realizada no Instituto Butantan.

"Além das atividades de pesquisa básica, de bancada e relacionadas, por exemplo, ao genoma e ao proteoma dos tumores, a idéia da rede é investir em ensaios clínicos e em pesquisa aplicada voltada diretamente aos pacientes", disse Zago, também presidente da comissão responsável por viabilizar a estrutura inicial da rede, que será coordenada pela pesquisadora Anamaria Camargo, do Instituto Ludwig de Pesquisa sobre o Câncer (LICR, na sigla em inglês).

Em um primeiro momento as pesquisas estarão direcionadas para tumores prevalentes no Brasil, com ênfase para a biologia do câncer de mama. A previsão é que as informações geradas pelos pesquisadores permitam aumentar o leque de marcadores moleculares disponíveis para esse tipo de tumor, além de levar à identificação de novos alvos terapêuticos e à diminuição da mortalidade e morbidade associadas à doença.

Para isso, os cientistas trabalharão com base no sequenciamento do genoma de uma linhagem tumoral do câncer de mama, que ocorreu no Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC), no Rio de Janeiro. O material biológico utilizado nesse sequenciamento foi cedido pelo LICR de Nova York.

A rede atualmente envolve 19 grupos de pesquisa, provenientes de diferentes instituições de ensino e pesquisa, entre as quais a Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, a Fundação Oswaldo Cruz, o Instituto Butantan, o Instituto Nacional do Câncer, a Universidade de Brasília e as universidades federais do Mato Grosso, do Rio de Janeiro e de Uberlândia, além da empresa Recepta Biopharma.

Tratamento e diagnóstico

Segundo Andrew Simpson, diretor científico do Instituto Ludwig de Pesquisa sobre o Câncer (LICR), além da obtenção de novos meios para o tratamento da doença, uma parte importante do trabalho da rede diz respeito ao avanço no diagnóstico do câncer.

"As tecnologias de sequenciamento evoluíram muito nos últimos anos a ponto de, a partir do genoma de um tumor específico, podermos estimar como um paciente responderá a determinada terapia", explicou.

"O Brasil foi o primeiro país na América Latina a implantar o que chamamos de uma nova geração de sequenciamento, cujos equipamentos permitirão, em breve, a extração de informações que poderão ser usadas na escolha das melhores opções de tratamento do câncer. É a genética utilizada como uma ferramenta de diagnóstico", disse.

Simpson destacou que o câncer é uma doença multivariada que demanda diferentes drogas para seu controle. "Sabemos que não há um único tratamento para cada tipo de câncer, mas sim as drogas mais apropriadas para cada caso. Como esses medicamentos são extremamente caros, a nova rede permitirá o estabelecimento de um sistema científico para a sua escolha, gerando economia de recursos para o Brasil", afirmou.

No fim do ano passado, para consolidar a sua formação, a Rede Brasileira de Pesquisa sobre o Câncer contou com recursos da ordem de R$ 5,38 milhões por meio de um edital conjunto do CNPq e do Ministério da Saúde, que contemplou três linhas de pesquisa: estudos de alterações moleculares do câncer de mama
testes preliminares de vacina terapêutica
e estudos de epidemiologia clínica do câncer de mama, estômago e próstata.

"Novos editais deverão ser lançados nos próximos anos porque entendemos que a rede terá fôlego longo, não tendo sido, portando, lançada para acabar em um ou dois anos", disse Luiz Eugênio de Souza, diretor do Departamento de Ciência e Tecnologia do Ministério da Saúde.

A rede inclui ainda uma parceria entre os institutos Ludwig e Butantan que viabilizará a produção de material biológico para o início dos testes visando à obtenção de uma vacina com potencial terapêutico para o câncer de ovário.

"Além da pesquisa básica e clínica, a rede deverá integrar pesquisadores que atuam em abordagens epidemiológicas, considerando que a população brasileira tem características bem específicas comparado a outros países. Com isso, poderemos subsidiar o processo de formulação e implementação de novas políticas para o Sistema Único de Saúde, a partir de dados científicos que indiquem as características predominantes do câncer no país", disse Souza.

Por Thiago Romero

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