19/01/2009
O Brasil voltar a ser palco do maior encontro da sociedade civil e movimentos sociais do planeta. A partir do próximo dia 27, Belém, capital do Pará, vai abrigar a nona edição do Fórum Social Mundial e deve reunir 120 mil participantes, de acordo com estimativas da organização do evento. Os investimentos na cidade para a reunião devem chegar a mais de R$ 100 milhões.
Esse evento conta com a parceria da UGT (União Geral dos Trabalhadores) que, na opinião do seu presidente Ricardo Patah, se constituirá num marco para a história do Brasil. Belém, porta de entrada da Amazônia, região que representa o equilíbrio do meio ambiente no mundo, mas que é vítima de devastação, especulação e saques de sua fauna e flora, abre seus braços para receber o debate democrático de idéias de caráter não confessional, não governamental e não partidário, num momento extremamente delicado para economia do mundo, para a sociedade e os trabalhadores como um todo", define Patah.
O presidente da UGT acredita que, esse momento, aliado à pluralidade e a diversidade de debates do fórum, vai contribuir para se produzir ações concretas de nível local, nacional e internacional, que irão trazer uma nova visão para a construção de um mundo melhor. Ricardo Patah ressalta que, dada a importância do UGT participará com uma delegação de 350 sindicalistas,além de um stand que está sendo montado no local, com o objetivo de divulgar suas atividades."Trabalho Decente", "Direitos Humanos" e "Violência Sexual", são alguns dos temas que a Central levará para discussão no encontro.
Até a sexta-feira (16), as inscrições para a edição de Belém passavam de 82 mil, segundo um dos articuladores do Fórum e organizador da etapa 2009, Cândido Grybowski. "Acredito que vamos chegar aos 120 mil. As pessoas que moram na cidade fazem a inscrição na hora. Belém já está no clima do Fórum. É um espaço aberto, nós não queremos muralhas como nas reuniões do G8, que nos protege do lugar onde estamos. Nós queremos integração com a cidade", explica o organizador.
Estão previstas mais de 2,6 mil atividades, a maioria auto-gestionadas - organizadas pelos próprios participantes. As assembléias, oficinas, cerimônias, atividades culturais e os seminários serão concentrados nas Universidades Federal do Pará (UFPA) e Federal Rural da Amazônia (UFRA), mas devem tomar as ruas de Belém, como na caminhada de abertura, prevista para a tarde do primeiro dia do Fórum.
Considerado o principal contraponto ao Fórum Econômico Mundial, que acontecerá paralelamente em Davos, na Suíça, o FSM não deverá concentrar a discussão apenas sobre a crise financeira internacional. Também estarão na ordem do dia as crises ambiental e de segurança alimentar, que justificam inclusive a escolha de uma sede amazônica para o Fórum, segundo Grzybowski.
"Por causa da crise climática, decidimos realizar o Fórum no lugar que é grande patrimônio mundial. A Amazônia está no centro desse debate e não pode ser vista como um poço de gás carbônico. Queremos mostrar que é um território humanizado, cheio de alternativas. Assim como Chico Mendes mostrou o lado social da Amazônia ao mundo, vamos expressar o socioambiental, que é o grande desafio", apontou.
Definido como um evento apartidário e sem ligação com governos, o FSM não deixa de ser uma oportunidade política, e não será diferente em Belém, principalmente para as lideranças regionais. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva já confirmou a ida ao Fórum, e deve encontrar os colegas de continente Hugo Chávez, da Venezuela, Evo Morales, da Bolívia, Fernando Lugo, do Paraguai, e a chilena Michele Bachelet.
Realizado em Porto Alegre em 2001, 2002, 2003 e 2005, o FSM passou pela Índia, em 2004, pela Venezuela, em 2006, pelo Quênia, em 2007, e no último ano não teve um epicentro, com a realização de eventos simultâneos em 82 países."
UGT - União Geral dos Trabalhadores