15/01/2009
Artigo discute os impactos do uso da nanotecnologia para a melhoria da saúde humana
Nanoprojéteis que atacam tumores, mas não intoxicam as células sadias. Nanopartículas que atingem um local específico do organismo para administrar com precisão um fármaco. Ficção científica ou realidade? Depois da agricultura, indústria e microeletrônica, a próxima revolução tecnológica já tem nome: nanotecnologia.
Esse novo ramo interdisciplinar do conhecimento humano já é uma realidade palpável e está presente em nosso cotidiano, inclusive em medicamentos e cosméticos. No entanto, seu emprego para a melhoria da saúde humana ainda é motivo de discussão em vários setores da sociedade. E você, leitor, está preparado para a nanotecnologia?
No filme Querida, encolhi as crianças, que passou nos cinemas na década de 1990, o cientista Wayne Szalinsky (interpretado pelo ator canadense Rick Moranis) inventa uma máquina que, por acidente, encolhe seus filhos e os do vizinho até o tamanho de insetos. Perdidos no jardim da própria casa, os personagens deparam-se com perigos fantásticos, como tempestades e a ameaça de serem devorados por formigas gigantes e outros 'monstros'.
Um novo mundo? Nem tanto. Em ambas as escalas de tamanho (do metro, no caso das crianças no início do filme, e do centímetro, após sua redução acidental), a força gravitacional e a força de atrito predominam.
E se o equipamento estivesse ajustado para reduzi-los ainda mais? Que tal mil vezes mais que o tamanho de um grão de areia? Esse sim seria um mundo bem diferente daquele que costumeiramente vivenciamos. Nele, o papel da forças de gravidade é praticamente inexistente. Trata-se de um mundo dominado pelas forças de van der Waals, responsáveis, por exemplo, pela capacidade de as lagartas e os insetos andarem pelas paredes.
Os personagens do filme estariam em movimento aleatório (também conhecido como movimento browniano), ou seja, eles se chocariam uns com os outros e com qualquer coisa ao redor deles ininterruptamente (e não seria por vontade própria!).
Mas por que isso poderia ocorrer? Porque os personagens teriam sido reduzidos até a escala do nanômetro. Nela, os materiais têm propriedades únicas.
O prefixo 'nano' deriva da palavra grega 'anão', correspondendo a um termo técnico usado em qualquer unidade de medida (de comprimento, área, massa, volume etc.) para indicar um bilionésimo dessa unidade. Por exemplo, um nanômetro equivale a um bilionésimo de um metro.
A miniaturização de pessoas e coisas, como descrita acima, é pura ficção. Mas os fenômenos apresentados são reais. O estudo das propriedades dos materiais na escala do nanômetro é chamado nanociência. Quando esse conhecimento é empregado para a obtenção e o controle de nanomateriais com objetivos práticos e comerciais, é chamado nanotecnologia.
A lista completa das aplicações potenciais da nanotecnologia é vasta e diversificada. Mas, sem dúvida, um de seus maiores impactos na sociedade ocorrerá na área médica. Quando a nanotecnologia é aplicada às ciências da vida, é conhecida como nanobiotecnologia ou nanomedicina.
Mas como a nanobiotecnologia poderia influenciar na saúde das pessoas? A resposta é o que procuramos apresentar neste artigo.
Fernanda S. Poletto
Programa de Pós-Graduação em Química,
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
Adriana R. Pohlmann
Departamento de Química Orgânica, UFRGS
Sílvia S. Guterres
Faculdade de Farmácia, UFRGS
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