30/10/2017
Representantes da CGT (Confédération générale du travail ou Confederação Geral do Trabalho) da França reuniram-se hoje com o presidente da União Geral dos Trabalhadores (UGT), Ricardo Patah.
O objetivo foi trocar informações e experiências e pensar formas conjuntas de fortalecer o movimento sindical em nível mundial.
O encontro ocorreu na sede nacional da UGT e contou com a presença de Philippe Martinez, secretário Geral da central francesa; Marie-Christine Naillod, secretária de Relações Internacionais; e dos dirigentes Barbara Filhol, David Fabrice e Francisque Raymond.
Além de Patah, participaram da conversa Wagner José de Souza, secretário adjunto de Relações Internacionais da UGT; Marina Silva, assessora técnica da Central; Roberto Nolasco, coordenador de Finanças da UGT e diretor do Instituto de Altos Estudos (IAE); Marcos Afonso Oliveira, secretário de Imprensa; e Benício Schimidt, professor da Universidade de Brasília e diretor do IAE.
Na ocasião, Philippe Martinez explicou a situação da França, onde, segundo o dirigente, também está ocorrendo uma reforma trabalhista, organizada pelo governo, que, entre outros pontos, permite a negociação de salários e carga horária diretamente entre empregador e empregado, desvalorizando acordos coletivos e deixando os direitos trabalhistas o mais básicos possível, uma vez que ou o trabalhador aceita as condições de seu patrão ou perde o emprego.
A reforma também estipula um teto para as indenizações por demissão sem justa causa, que até agora eram decididas no organismo de arbitragem trabalhista.
“Esta reforma foi o primeiro passo do presidente Emmanuel Macron. Ele tem um discurso social apenas quando está fora do País. Lá dentro, está diminuindo os direitos dos trabalhadores. Por isso, desde setembro, a CGT está promovendo greves e mobilizações. Os caminhoneiros e portuários, por exemplo, paralisaram as ações e conseguiram que a Convenção Coletiva valesse para todos”, explicou Martinez, que disse, ainda, que o presidente francês está sendo chamado de “Robin Hood dos ricos, aquele que rouba dos pobres para dar aos ricos”.
Os franceses escutaram atentamente Ricardo Patah contar a atual situação do Brasil – algo bem próximo do cenário da França.
O presidente ugetista explicou que, dia 11 de novembro, entra em vigor a reforma trabalhista sancionada pelo presidente Michel Temer e que tal legislação é “empresarial e tem a intenção de desestruturar o movimento sindical”.
“A nova lei propõe uma terceirização genérica, ou seja, válida a qualquer trabalhador, sem considerar regras para a precarização ou a retirada de direitos; permite que o trabalhador demitido faça a homologação sem que o Sindicato confira se seus direitos estão sendo garantidos; permite negociações individuais sem a participação das entidades sindicais representantes da categoria; e até o trabalho de grávidas em locais insalubres. Sem falar na questão do suporte financeiro à estrutura sindical. Da noite para o dia, sem que haja uma transição, o governo eliminou as formas de custeio existentes, mas não retirou os deveres dos sindicatos. Tiraram nosso oxigênio, mas não a nossa obrigação de atender o trabalhador”, explicou Patah.
Apesar do momento difícil nas áreas trabalhista e sindical, o presidente da UGT deixou claro que o movimento sindical está esperançoso. “Precisamos e vamos nos reinventar. Daí a importância desse intercâmbio com entidades internacionais, como já acontece com a UAW, a CSC da Bélgica, a UIL italiana, e como vai acontecer, a partir de agora, com a CGT francesa. Temos que nos solidarizar e desenvolver um trabalho internacional cada vez mais forte”, finalizou Patah, que convidou os franceses a apoiarem a participarem do Dia Nacional de Mobilização em Defesa dos Direitos, que ocorrerá em 10 de novembro, um dia antes de entrar em vigor a nova Lei Trabalhista. “Os sindicatos vão parar nesta data. As centrais se unirão em protesto à retirada de direitos trabalhistas impostas pelo governo.”
UGT - União Geral dos Trabalhadores