26/09/2017
Em defesa da aposentadoria e por nenhum direito a menos: estes foram os motes da manifestação organizada pelo Fórum Nacional de Mulheres Trabalhadoras das Centrais Sindicais e seus sindicatos filiados, na tarde desta terça-feira, 26, em frente ao prédio do INSS, no Centro de São Paulo, e também em Brasília.
Com apoio de movimentos sociais, o ato teve como objetivo denunciar e dialogar com a população sobre os impactos que ocorrerão para as mulheres caso seja aprovada a reforma da Previdência proposta pelo governo Temer.
“As mulheres da União Geral dos Trabalhadores, em nível nacional, e das demais centrais sindicais organizaram essa manifestação para dizer que não vão aceitar nenhuma retirada de direito. Seja direito à aposentadoria, sejam direitos trabalhistas conquistados e garantidos. A Constituição é nosso maior argumento contra qualquer tipo de retrocesso”, disse Cassia Bufelli, secretária adjunta da Mulher da UGT.
Atualmente, é possível se aposentar por tempo de contribuição – mulheres precisam ter 30 anos de contribuição para o INSS, não há idade mínima; homens precisam ter 35 anos de contribuição e também não há idade mínima – ou por idade – mínimo 60 anos para mulheres e 65 para homens, com pelo menos 15 anos de contribuição.
Se aprovada a reforma da Previdência, as mulheres precisarão ter 62 anos de idade e, no mínimo, 25 anos de contribuição para conseguir se aposentar. Os homens deverão ter 65 anos e, no mínimo, 25 de contribuição também.
“Nós defendemos que nosso direito tem que ser garantido em patamar de igualdade, e não de retrocesso. O maior prejuízo para a mulher trabalhadora na reforma da Previdência é a exigência de uma idade maior e de tempo de serviço maior. Quando as regras foram criadas, foi pensado que havia uma diferença entre a mulher e o homem no mercado de trabalho. Hoje, ainda não alcançamos a igualdade, mas querem igualar o acesso à aposentadoria”, explicou Cassia.
Segundo a dirigente sindical, é um absurdo, por exemplo, dizer que vai cortar pensão porque mulher vive mais do que homem: “São argumentos frágeis para tirar direitos conquistados com muita luta. Queremos igualdade no trabalho, na vida, na sociedade e, principalmente, nos ambientes de decisões”.
Também presente à manifestação da capital paulista, Isabel Kausz, secretária da Mulher do Sindicato dos Comerciários de São Paulo, entidade filiada à UGT, reforçou a luta: “Fizeram uma reforma trabalhista sem levar em conta os trabalhadores. Sem se preocupar, por exemplo, com a mulher grávida trabalhando em local insalubre. Agora, querem fazer uma reforma previdenciária, mais uma vez, sem pensar no cidadão e, principalmente, nas mulheres, porque estas não vão conseguir se aposentar. Não vamos deixar. Estamos unidas para lutar contra o desmonte de direitos”.
Em São Paulo, foi montado um varal na rua com fotos de deputados que votaram a favor da reforma trabalhista. “A ideia é gravarem esses rostos, para que nunca mais recebam votos”, finalizou Cassia.
UGT - União Geral dos Trabalhadores