21/11/2008
A silicose é a mais antiga, mais grave e mais prevalente das doenças pulmonares relacionadas à inalação de poeiras minerais.
Um projeto de lei de autoria do deputado José Domingos Fraga (DEM) proíbe o beneficiamento de mármores e granitos a seco, como forma de prevenir a silicose.
O projeto prevê o funcionamento das máquinas e ferramentas utilizadas nos processos de corte e acabamento de mármore ou granito, dotadas de sistema de umidificação capaz de eliminar a geração de poeira. Domingos defende o fim do uso de máquinas e ferramentas elétricas que não tenham sido projetadas para sistemas úmidos.
Os resíduos industriais do beneficiamento a úmido de mármores e granitos deverão ser coletados em caixa de decantação, através de sistema de drenagem da água utilizada no corte, lixamento e polimento, não permitindo que os resíduos (lama) gerados pelo processo passem diretamente para o esgoto sanitário.
As empresas que infringirem a lei pagarão multa pecuniária, correspondente a 500 (quinhentas) Unidades Padrão Fiscal de Mato Grosso-UPF/MT, dobradas se reincidente específico, sem prejuízo de outras penas previstas na legislação pertinente. Trata-se de garantir a saúde prolongada dos profissionais do ramo e ao mesmo tempo, regulamentar atividade pelas empresas que beneficiam o mármore", disse Domingos.
A silicose é uma doença pulmonar crônica e incurável, com uma evolução progressiva e irreversível que pode determinar incapacidade para o trabalho, invalidez, aumento da suscetibilidade à tuberculose e, com freqüência, ter relação com a causa de óbito do paciente afetado. É uma fibrose pulmonar nodular causada pela inalação de poeiras contendo partículas finas de sílica livre cristalina que leva de meses a décadas para se manifestar.
A Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer (IARC) da Organização Mundial de Saúde considera a sílica livre cristalina inalada como um cancerígeno do Grupo 1 (em situações experimentais e em humanos). Apesar de muito que se conhece sobre esta doença ocupacional, perfeitamente prevenível, ainda no século XXI, a silicose continua a matar trabalhadores em todo o mundo.
"Milhares de novos casos são diagnosticados a cada ano em várias partes do mundo com predominância nos países em desenvolvimento onde as atividades que envolvem a exposição à sílica são muito freqüentes", alerta o deputado.
Segundo ele, no Brasil, a identificação de casos novos é epidêmica e a silicose é considerada a principal doença ocupacional pulmonar, devido ao elevado número de trabalhadores expostos à sílica. É responsável pela invalidez e morte de inúmeros trabalhadores em diversas atividades. "A iniciativa visa proibir o beneficiamento a seco de mármores e granitos, haja vista, que a geração de poeira decorrente de seu funcionamento deixa os trabalhadores expostos á sílica", argumenta Domingos.
Segundo Zuher Haudar, MD. diretor do Programa Nacional de Eliminação da Silicose, atualmente seis milhões de trabalhadores brasileiros encontram-se expostos ao pó de sílica e correm o risco de adoecer ou morrer. Em encontro realizado na Fundacentro, em São Paulo, o médico foi taxativo: "A exposição à sílica no País é ainda muito freqüente, e se não for energicamente combatida levará à morte centenas de trabalhadores".
Pesquisas da Fundacentro mostram que trabalhadores de marmorarias que desenvolvem atividades de acabamento a seco ficam expostos à sílica cristalina, mineral associado ao desenvolvimento de doenças das vias aéreas, silicose e câncer. As pesquisas que também envolveram a exposição ao ruído e à vibração de mãos e braços resultaram em medidas de controle da exposição ocupacional nas marmorarias. Entre estas medidas está a indicação da umidificação das operações de acabamento do mármore.
Dados de pesquisa realizada pela Fundação apontam para a existência 50 mil trabalhadores registrados no Brasil responsáveis pela fabricação de produtos de rochas ornamentais e aproximadamente sete mil marmorarias. Recentemente a Portaria nº 43 do Ministério do Trabalho e Emprego, publicada em 11 de março de 2008, proibiu o processo de corte e acabamento a seco de rochas ornamentais e a Norma Regulamentadora-NR 15 anexo nº 12, estabeleceu os limites de tolerância para poeiras minerais contendo sílica cristalina.
De acordo com a pesquisadora da Fundação, Ana Tibiriçá, as marmorarias pertencem a um ramo de atividade que ainda está amadurecendo em questões de segurança e saúde dos trabalhadores. "Por isso faz-se necessário que os empregadores invistam na mudança do processo produtivo com a utilização de máquinas e ferramentas alimentadas com água, como, serras-mármore e lixadeiras manuais".
Acesse: Programa Nacional de Eliminação da Silicose
http://www.fundacentro.gov.br/dominios/CTN/anexos/programa_nacional_eliminacao_silicose.pdf
Saiba mais: http://www.zirtec.com.br/areia/index.htm"
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