02/06/2017
O crescimento de 1% da economia brasileira observado no primeiro trimestre ocorreu sobre um nível de produção muito baixo, afirma Rebeca Palis, gerente de contas nacionais do IBGE. A economia brasileira roda no mesmo patamar observado no fim de 2010, ou seja, há sete anos.
"Deu uma recuperada, mas voltamos ao patamar do fim de 2010", diz.
O IBGE divulgou nesta quinta (1º) que o PIB (Produto Interno Bruto) teve o primeiro desempenho positivo desde o quarto trimestre de 2014, ou seja, após oito quedas seguidas.
O setor agropecuário e a indústria extrativa, petróleo e minério de ferro, puxaram a economia.
Com o desemprego em nível recorde, o consumo das famílias seguiu em leve baixa (-0,1%). Também houve queda, de 0,6%, no consumo do governo.
O investimento recuou 1,6%, ainda na esteira da recessão. A taxa de investimento é a menor desde 1996, início da atual série do IBGE.
Num exercício feito por Rebeca, se o PIB brasileiro se restringisse à agropecuária e ao setor extrativo mineral, o crescimento seria de 1% no primeiro trimestre, ante o mesmo período do ano anterior. O resultado efetivo foi uma queda de 0,4%.
MUDANÇA EM PESQUISA
Palis comentou ainda os efeitos das mudanças nas pesquisas de comércio e serviços no resultado do PIB.
Segundo ela, as pesquisas setoriais – que foram revistas neste início de ano – são subsídio para o cálculo do PIB, mas não são apenas elas as que monitoram os dois setores.
"Tudo o que existe de pesquisa é insumo para as contas nacionais", disse.
A especialista do IBGE indica que, com a mudança metodológica, o instituto intensificou a observação de dados externos, como emprego e renda, para medir o desempenho da oferta e da demanda da economia.
RETOMADA?
Especialistas acreditam que a economia pode voltar a perder força daqui para frente, ainda com o desemprego elevado e a crise política que atingiu o presidente Michel Temer.
Ele é investigado no STF (Supremo Tribunal Federal) por crimes, entre outros, de corrupção passiva após delações de executivos do grupo J&F. Com isso, já há pedidos de impeachment contra o presidente no Congresso Nacional, aumentando os temores de que as reformas, sobretudo a da Previdência, não saiam do papel.
E eram justamente elas apontadas por especialistas como fundamentais para garantir recuperação consistente da economia, junto com a queda de juros básicos. Mas esta também foi afetada pela crise política.
Na véspera, o Banco Central manteve o passo e reduziu a Selic em 1 ponto percentual, a 10,25%, apesar de o cenário de inflação dar suporte para movimentos mais ousados. E sinalizou que vai optar por reduções menores daqui para frente.
Fonte: Folha de SP
UGT - União Geral dos Trabalhadores