24/03/2017
O presidente da FETHESP e secretário de finanças da UGT-SP, Rogério José Gomes Cardoso, representou a central sindical no 2º Workshop de Organização Sindical, realizado pela Federação dos Trabalhadores da Saúde do Estado de São Paulo, nos dias 20 a 22 de março, em Praia Grande/SP.
O evento teve como principal objetivo discutir as reformas trabalhista (PL 6787/2016) e previdenciária (PEC 287/2016) enviadas ao Congresso pelo Governo Federal e debater propostas de preservação dos direitos da classe trabalhadora e combate ao retrocesso.
Rogério Gomes, que compôs a mesa mediadora, iniciou os trabalhos dirigindo-se a um auditório lotado e ao presidente da Federação dos Trabalhadores da Saúde do Estado de São Paulo, Edison Laércio de Oliveira. “É de fundamental importância que os companheiros e companheiras aproveitem esse momento para elucidar dúvidas, discutir, se aprofundar e ganhar argumentos para defender a bandeira dos trabalhadores”, disse.
Gomes foi incisivo em sua fala contra a aprovação dos projetos da forma como foram encaminhados, e salientou a necessidade de mobilização do movimento sindical. “O fator mais perverso dessa reforma previdenciária é exigir 49 anos de contribuição do trabalhador. Propor que uma pessoa trabalhe dos 16 aos 65 anos para se aposentar, sem poder interromper um único dia de trabalho para alcançar esse direito, é uma grande sacanagem desse governo”, afirmou. “Além disso, querem igualar o tempo de aposentadoria para homens e mulheres, o que é um absurdo; o Brasil ainda é um país machista.
Precisamos lembrar que a mulher tem dupla jornada, além de trabalhar fora, ainda tem os afazeres domésticos. Não podemos igualar o tempo de contribuição. Se não somarmos e não nos unirmos, não vamos conseguir mexer nessas propostas perversas do governo ”, acrescentou.
O presidente da FETHESP encerrou seu discurso falando para mais de 200 sindicalistas do estado inteiro. “A UGT Estadual está de portas abertas para abraçar as demandas das categorias e das federações. Desejamos a vocês um grande êxito nesse evento.”
Também presente ao Workshop, o secretário-geral da UGT, Francisco Canindé Pegado, falou sobre os pontos mais polêmicos da reforma trabalhista, como a multa de R$ 6.000,00 ao empregador que mantiver empregado não registrado em carteira profissional. “A multa que for aplicada por falta de assinatura da carteira de trabalho será destinada ao pagamento de bônus de produtividade dos auditores fiscais do trabalho. Com todo respeito aos auditores fiscais do trabalho, eles não são a parte prejudicada nessa situação. A parte prejudicada é o trabalhador”, disse.
Com relação a outro tópico controverso, o chamado “negociado sobre o legislado”, no qual as convenções e acordos coletivos prevaleceriam sobre a legislação, o secretário-geral da UGT alertou que isso já ocorre e será preciso cuidar para não flexibilizar. “Se fossemos admitir que não haveria negociação sobre o legislado, nós estaríamos até hoje com o mesmo patamar de direitos da CLT de 70 anos atrás”, disse. “O que nos permitiu avançar foi justamente o negociado sobre o legislado. Agora, temos que ter cuidado para não negociar para retirar direitos, para não para flexibilizar. Temos que ampliar, aumentar, conquistar, sair da mesmice. Esse é o papel do movimento sindical.”
Ele destacou ainda que a UGT é contra a representação no local de trabalho da forma como foi proposta pela reforma. “Nós entendemos que a representação no local de trabalho deve existir, mas dentro do Estatuto da Entidade Sindical. Do mesmo jeito que você faz eleição dentro de um sindicato você pode fazer para eleger os trabalhadores no local de trabalho e ganha quem tiver mais votos. Já o paralelismo não dá, porque vai facilitar ao empregador indicar pessoas diretamente ligadas a ele para interferir, inclusive, no processo da negociação feita legitimamente pelos sindicatos.”
Canindé Pegado, que tem acompanhado de perto a tramitação das reformas em Brasília, concluiu ressaltando que os deputados pretendem votar o PL 6787/2016 até junho e que o projeto deverá receber emendas até o final de abril. “Temos que nos mobilizar, porque se não for com mobilização nós vamos perder.”
Fonte: Imprensa FETHESP
UGT - União Geral dos Trabalhadores