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Contra a homofobia e a barbárie do assassinato do ambulante Luiz Carlos Ruas em São Paulo


29/12/2016

Um triste natal para a família Ruas e para toda a cidade de São Paulo. Mais que isso: uma barbárie gratuita, que assolou o Brasil. Na noite de 24 de dezembro, o ambulante Luiz Carlos Ruas foi espancado até a morte por defender uma travesti e um homossexual que apanhavam na Estação Pedro II do metrô, no Bairro do Brás, em São Paulo. Ruas foi humano, foi um herói, mas morreu invisível. Invisível porque nada foi feito para evitar sua morte, cuja soma da idade de seus algozes não dava a sua.

 

Até então, achávamos que vivíamos numa sociedade evoluída. Pelo menos pregamos isso, ensinamos, vemos um “resultado” nos discursos. Mas, o que adianta tanta teoria e pouca prática? Ruas, ambulante no mesmo local há mais de 30 anos, trabalhava desde os 9. O apelido Índio adquiriu ainda criança, no Paraná, seu Estado natal. Palmeirense, devoto de Nossa Senhora Aparecida, um homem de coração bom. E do qual provavelmente nunca teríamos ouvido falar se não houvesse acontecido essa barbaridade.

 

O delegado que investiga o caso descarta a hipótese de intolerância. O que seria, então? Para nós, está claro que nenhuma outra razão justifica a agressão, em qualquer uma das vítimas. Depois, muita gente se compadece, quer fazer justiça, mas o que cada pessoa, o que cada entidade social está fazendo para evitar esse tipo de atitude? Fica a pergunta.

 

A sociedade é cruel, racista, preconceituosa, homofóbica e omissa. Cenas como essa nos mostram quanta evolução nos falta. Antes de criarmos rótulos que são armas, que podem matar, devemos pensar que todos são humanos. E o que o indivíduo ganha alimentando a repulsa? Ódio? É triste, muito triste, ver que voltamos à estaca zero porque nossa fragilidade é maior do que aquilo que acreditamos.

 

Tanto o Sindicato dos Comerciários de São Paulo quanto a UGT (União Geral dos Trabalhadores), entidades as quais presido, possuem políticas de combate à intolerância e de inclusão dos diversos estratos da sociedade. Em nossas bases, tem funcionado muito esse humanismo, trabalho de formiga, que avança a passos lentos e firmes. E fazemos isso por realmente acreditarmos na mudança das pessoas, por mais difícil que seja ao tomarmos um choque desse tão perto de nós. Que esse episódio não nos enfraqueça, mas fortaleça a nossa fé. E que possamos, de fato, sermos mais atuantes – cada um de nós – para que não sintamos novamente esse amargor da repulsa, da indignação, que nenhum ser humano merece sentir.

 

Ricardo Patah

 

Presidente da União Geral dos Trabalhadores (UGT) e do Sindicato dos Comerciários de SP




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